Reunidos com o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, representantes da União Geral dos Trabalhadores (UGT) fizeram um apelo para que o Palácio do Planalto não envie a proposta de reforma da Previdência ao Congresso Nacional antes de dialogar com as centrais sindicais.
No início do mês, o presidente Michel Temer prometeu apresentar o projeto antes das eleições municipais, que ocorrem no próximo domingo (2), mas representantes dos trabalhadores e de aposentados têm se oposto ao envio da matéria sem uma discussão prévia.
Após o encontro, o presidente da UGT, Ricardo Patah, disse que percebeu que o ministro está “sensibilizado” com a necessidade de diálogo. Segundo ele, Geddel vai conversar com o presidente Michel Temer ainda nesta segunda-feira (26) sobre o assunto.
“[Precisamos debater] como podemos construir uma Previdência que não tire, por exemplo, a possibilidade de o jovem pobre, o miserável, que começa a trabalhar com 13, 14 anos, de se aposentar. Ninguém sabe, nem ele sabia, que a idade média de entrada na França [no mercado de trabalho] é 24,5 anos. No Brasil, são 16 anos. Então, há uma diferença muito grande. Lá, é muito fácil fazer idade mínima de 65 anos”, exemplificou Patah.
De acordo com o presidente da UGT, a próxima reunião com o governo, que vai contar com a presença de todas as centrais sindicais, pode ocorrer “no máximo em dez dias”. Apesar do pedido, o Palácio do Planalto ainda não comunicou oficialmente nenhuma mudança de posicionamento.
Durante o encontro, Geddel chegou a concordar com as argumentações dos sindicalistas de que reformar a Previdência é “problemático” em vários lugares do mundo, do ponto de vista da reação da sociedade. “No Brasil não é diferente e não vai acontecer sem algumas cotoveladas”, teria dito o ministro, conforme um dos participantes da reunião.
O anúncio do envio da reforma atende a alguns partidos da base aliada, que cobram do governo um comprometimento com o ajuste fiscal. Questionado sobre a promessa feita pelo Planalto, Ricardo Patah disse que a discussão com os sindicatos é importante.
“Imagino, pela sensibilidade do Temer, e por ele ter sido três vezes presidente da Câmara, que ele vai valorizar o diálogo nos dois lugares [Legislativo e centrais sindicais]. Mas ele não pode descumprir [o acordo] com o trabalhador, com a sociedade, com os milhões que estão sensíveis a isso. Acho que entre dez parlamentares e os 50 milhões de trabalhadores que estão nessa situação, acho que ele vai preferir o povo”, afirmou Patah.
Fonte: Agência Brasil