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Aos poucos, Afrânio (Antônio Fagundes) vai afastando todo mundo dele. O coronel de “Velho Chico” vai ter uma briga feia com Iolanda (Christiane Torloni) e ela sai de casa. A discussão acontece porque ele desconfia que a mulher esteja lhe traindo quando passeia pela cidade. “Fui até a igreja, passei no mercado, e bati um pouco de perna por lá!”, diz ela, mas ele não acredita. “Você num me venha cum esses seus agrado, achâno que vai me enganá, porque você não vai! Não dessa vez!”, fala ele. “Pelo amor de Deus, cariño. A gente só tem uma vida para viver… Será possível que vamos passar o resto dela brigando?”, fala ela, carinhosa, tentando amansar o marido.

Irritado, o coronel fala que vai descobrir onde ela anda metida. “Vô descobri e dá um jeito nele…”, completa ele. Desconfiada, ela pergunta: “Que nem você fez com Amadeu!?!”. “Que nem eu faria com qualqué um que se engraçá mais mulher minha!”, responde Afrânio. “Tinha certeza que tinha dedo seu no sumiço dele!”, diz ela, chocada. “A lição que dei naquele vagabundo ainda foi pôca!”, fala o coronel. Iolanda diz que o marido está fazendo o papel ridículo de velho ciumento e ele diz que a mulher deveria se dar ao respeito. “Esse ciúme que tenho é o resto de amor que me sobrou!”, continua ele.

Iolanda não gosta: “Amor!?! Amor? Isso não é amor, é violência!… A mesma violência com que você usa contra seus inimigos, seus filhos e agora a mim!”. Ela se afasta do marido, indignada, e ele a ameaça: “Eu tenho olhos em todo lugá, mulhé! Você num me tente!”. “Você tá insinuando que tô te traindo? É isso?Você tá dizendo que sou uma rapariga? Anda, Afrânio, diz, olhando nos meus olhos, é isso que você pensa de mim?”, pergunta ela, crescendo para cima dele. Ele não diz nem que sim, nem que não e ela continua: “Eu tolero o que for de sua mãe, coronel Saruê, por respeito e pelo bem dessa família… Mas não vou aceitar isso de você é nunca!… Tá me ouvindo? Nunca!”.

Coronel manda que ela se dê ao respeito. “Um dia desses eu pego minhas coisas e vou m’embora daqui coronel! Caio nesse mundo, e você nunca mais vai ter notícias minha!”, ameaça ela. “Você pode ir quando você quiser, mas não vai levar nada do que é meu, Iolanda!… Nada!”, grita ele. “Tenha certeza de uma coisa: no dia que eu for m’embora de sua vida, nem a roupa do corpo eu vou levar! Não há amor nesse mundo que resista a um Saruê!”, responde ela, com os olhos marejados. Ela dá meia volta em direção as escadas. Afrânio a segura pelo braço, macho e viril. “Onde é que você pensa que vai?”, pergunta ele. “Vou sair… E se você quiser mandar seus jagunços e lacaios atrás de mim, fique à vontade!”, responde ela, que sacode os braços até se soltar. Desce as escadas, magoada e decidida… “Você não se atreva a me dá as costas, mulher! Não se atreva Iolanda… Tá me ouvindo, Iolanda? Não se atreva!”, grita ele. Mas não tem jeito: Iolanda vai embora e não volta, deixando o marido furioso.

Fonte: Extra