Apesar de o número de visitas nas lojas virtuais ter crescido no último ano, as vendas no varejo online continuam estagnadas. É o que aponta a pesquisa inédita “Cenário do e-commerce no Brasil”, realizado pela Braspag, empresa do grupo Cielo.
De acordo com o levantamento, o número de visitas no comércio eletrônico atingiu 1,77 bilhões em junho – ante 1,41 bilhões em julho do ano passado –, mas apenas 1,61% dessas visitas (cerca de 25 milhões) se converteram em compras confirmadas nos carrinhos, mesmo patamar registrado há um ano.
A crise econômica e o elevado número de pessoas desempregadas no País são alguns dos motivos que ajudam a explicar a estagnação do setor. “O consumidor brasileiro está ainda mais sensível à variação de preços”, avalia Gastão Mattos, presidente da Braspag.
Ele aponta que o uso de celulares contribuiu de forma significativa para o aumento nas visitas do e-commerce nos últimos anos, mas que, no Brasil, o consumidor ainda utiliza a internet mais para verificar os preços – e depois voltar à loja física e efetuar a compra.
O estudo dividiu o e-commerce em três categorias distintas. O segmento “Serviços Online” (recarga de celular, aplicativos de transporte e entrega de comida, entre outros) apresenta a melhor taxa de conversão (transações efetivadas), com 4,25%. Em seguida aparece a categoria “Viagem” (passagens aéreas e hotéis), com 1,98%, e “Shopping” (lojas virtuais nacionais ou estrangeiras de games, moda e eletrônicos), com apenas 1,51%.
Segundo Gastão, o e-commerce apresenta diferentes níveis de “maturidade”, muito por conta da variação da intenção de compra do consumidor de acordo com um determinado produto ou serviço. “As pessoas tendem muito mais a concluir a operação de comprar um ingresso para o teatro ou chamar um táxi, do que adquirir um novo eletrodoméstico”, explica.
Hoje, o varejo online representa cerca de 3% do total de vendas no País. Há dez anos, o setor respondia por apenas 0,18% das transações. A expectativa da Ebit, empresa que mede a reputação das lojas virtuais há 17 anos, é que o e-commerce cresça 12% neste ano, alcançando um faturamento de R$ 49,7 bilhões.
Para Pedro Guasti, CEO da Ebit, a melhora nas vendas online está ligada à “qualidade” do público que é atraído para a loja virtual. “As empresas de marketing têm aprimorado sua estratégia para sensibilizar e ter a abordagem adequada, no momento adequado, para atingir o consumidor certo”, explica Melhorar a taxa de conversão é, hoje, o maior desafio para os varejistas online.
Promoções. O consumidor também está cada vez mais atento para as promoções no comércio eletrônico. As compras online com cupons cresceram 50% no primeiro semestre deste ano, de acordo com o presidente da empresa Cuponomia, Antonio Miranda. “Na crise, as pessoas estão comprando menos, mas o e-commerce também é um caminho para se fazer compras mais inteligentes”, aponta.
Segundo dados da empresa, a taxa de conversão para as compras realizadas com cupons supera os 5%, com descontos que podem alcançar até 40% do valor total do produto. “As pessoas estão descobrindo cada vez mais esses ‘vales’, o que os torna mais propensas a fechar o negócio”, afirma Miranda. Hoje, a Cuponomia disponibiliza em seu site 20 mil cupons de desconto, para mais de duas mil lojas.
Uma nova ferramenta lançada pela Proteste na semana passada também deve ajudar o consumidor a economizar nas compras online. Trata-se do plugin “Mais Barato Proteste”, que pode ser baixado e instalado gratuitamente no navegador do usuário. Com ele, toda vez que o cliente entrar em uma loja virtual, o programa irá mostrar a variação histórica do preço daquele item, fará a comparação com preços de outras lojas, e testará automaticamente cupons disponibilizados pelo comerciante.
“É possível que as lojas subam os preços e depois coloquem cupons aparentando um falso desconto. Isso é o que chamamos de ‘falso imperdível’”, alerta Henrique Lian, diretor da Proteste. Em monitoramentos periódicos realizados pela empresa – que atua em defesa dos consumidores – foi constatada a variação de até 45% nos preços de um item em diferentes lojas, e de até 20% de um dia para o outro. “A ferramenta aumenta o poder do consumidor, que sofre, na internet, com a intensa variação de preços”, explica Lian.
Fonte: Estadão