Sem grandes indústrias e com infraestrutura precária, o Piauí será beneficiado, nos próximos anos, com a força dos recursos naturais para incrementar o setor, que hoje representa apenas 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Graças aos ventos, a economia piauiense receberá investimentos de R$ 7 bilhões, ou quase um terço do PIB piauiense, nos próximos três anos.
O vento – esse fenômeno que é fornecido gratuitamente pela natureza – foi o fator que atraiu grandes empresas nacionais a participarem de três grandes leilões realizados em 2013 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para fornecer energia ao Brasil para as próximas gerações. Vitoriosas nos leilões, elas vão instalar usinas de energia eólica nas regiões do semiárido e cerrado piauiense, atraindo outras indústrias e gerando emprego e renda.
Além dos investimentos, cujo volume financeiro é inédito da história recente do Piauí, os grupos industriais vão estar presentes na região mais pobre e carente do Piauí: o semiárido. Com isso, há grandes chances da renda per capita do Estado, concentrada principalmente em Teresina e região Norte do Estado, ser melhor distribuída.
Serão instaladas usinas na Chapada do Araripe, nos municípios de Marcolândia, Simões e Padre Marcos, além de Lagoa do Barro e Queimada Nova. De acordo com o secretário Estadual de Planejamento, Cezar Fortes, somente a empresa Casa dos Ventos deve investir mais de R$ 4 bilhões no Piauí. Também devem instalar parques no Piauí, as empresas Atlantic Energia, Queiroz Galvão, Ômega e a Vensolbras. Esta última deve investir mais de R$ 1,2 bilhão em produção de energia renovável na cidade de São João do Piauí.
“O nosso próximo desafio é atrair indústrias ligadas ao setor, para produção de pás e turbinas, uma vez que somos referência no Nordeste para os próximos anos, portanto, teremos um mercado consumidor certo”, ressaltou Cézar Fortes.
Principais usinas de energia serão instaladas no semiárido piauiense
O primeiro leilão ocorreu em agosto, com a vitória da Queiroz Galvão Energias Renováveis. O grupo vai investir R$ 1,5 bilhão na construção de usina de energia eólica para gerar 400 megawatts de energia no município de Caldeirão Grande. Na região, o grupo também vai construir também outra usina, também com outros 400 megawatts de potência, totalizando 800 MW e investimentos de R$ 3 bilhões até 2016. Assim, será formado o Parque Eólico Chapada do Araripe.
Com isso, o Piauí possuirá um dos maiores clusters (concentração de empresas) de energia eólica do país. Para a instalação do Parque, 6.600 hectares de terra já estão arrendados por 20 anos em contrato com as famílias da região.
O secretário Estadual de Mineração e Energias Renováveis do Piauí, Edson Ferreira, lembrou que a energia gerada pelo parque será bem maior que a gerada pela Usina Hidrelétrica de Boa Esperança, de 255 megawatts.
Outro leilão importante aconteceu em novembro e os investimentos também ficarão com a Queiroz Galvão, mas dessa vez em parceria com a Casa dos Ventos, Contour Global e Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf). Oito empreendimentos de geração de energia eólica vão gerar 240 MW de potência, com investimentos de R$ 800 milhões.
Por fim, em dezembro, mais um leilão. Com vitória da Ômega Energia e da Casa dos Ventos. No total, os serão sete empreendimentos com potência para gerar 168 MW de energia. As empresas devem investir R$ 366 milhões. Os cinco projetos vendidos pela Casa dos Ventos estão localizados no município de Simões. Já os dois empreendimentos da Ômega são desenvolvidos no litoral piauiense. As usinas eólicas firmaram contratos de venda com duração de 20 anos, com início a partir de 2018.
Não é inédito, contudo, a existência de usina de energia eólica no Piauí. No litoral piauiense, está em operação Usina Eólica Pedra do Sal, da empresa Tractebel Energia, que tem capacidade de produção de 18 megawatts, o equivalente a 20% do consumo das residências da cidade de Parnaíba.
Fonte: O Dia