Entrevista com a Arquiteta

Rosalina Veloso

Em que fase está o Projeto de Reforma da Praça da Graça, na Parnaíba?Tá em fase de Projeto Executivo, quase pronto para ser apresentado ao IPHAN. O Projeto Executivo envolve os projetos de iluminação, paisagismo, drenagem, irrigação dos jardins e de arquitetura em si.

Você sabe que a Praça da Graça é o ponto da cidade mais amado pelos parnaíbanos?

Sei.

E sabe que ela é também o trauma da cidade? que ela foi destruída e construída essa que não tem nenhum valor histórico, nem estético?

Sei. Sei. Eu já estive várias vezes na Praça, conversei com algumas pessoas. Sei que ela foi uma praça imposta. A única coisa que ficou foi o Monumento.

E o Marco Zero.

Sim. E o Marco Zero.

Então vai ficar essa praça que está aí? Não vai mudar nada?

O IPHAN quer que ela seja restaurada tal como é. Nós temos relatórios do IPHAN negando todas as pequenas propostas que fizemos. O IPHAN quer os mesmos bancos, a mesma fonte. No espaço da fonte, eu queria uma fonte interativa, sem o lago. Ela teria uma água subterrânea, através de cisterna, e a água jorra e volta. Então, no momento em que ela não está funcionando, o espaço pode servir para apresentações de alguma coisa, porque ela é seca. Não cria dengue, nem sujeira. Mas nada disso o IPHAN está atendendo. Então eu vou ter que recuperar a Praça como ela está.

Quando deve começar a execução do Projeto?

O mais rápido possível. A minha dependência agora está no Projeto de Iluminação, que não é meu. E no de Paisagismo. O IPHAN pediu um relatório sobre a sanidade das árvores, as que podem ser retiradas, as que precisam ser tratadas e as que devem ficar. A Praça hoje tem um bioclima muito bom. Vai ficar a mesma sombra.

O que é a sua parte no todo do Projeto?

É a Arquitetura da Praça. O piso; a recuperação do Monumento; o meio-fio, as rampas; a mudança do bar, com uma nova construção. O bar Carnaúba não pode ficar como está hoje. Realmente, eu entrei lá, tiramos fotos, realmente é muito insalubre. Não sei como a Vigilância Sanitária não autua.

Então todos os equipamentos atuais vão permanecer?

Sim. O único que está na possibilidade de sair é aquele box da Caixa Econômica. Até mesmo o relatório do IPHAN é a favor de que ele desapareça.

Os bancos serão os mesmos?Eu tenho a proposta de novos bancos, mas pelo IPHAN, deve ficar tudo como é. O IPHAN sugere que se coloque até encosto nesses bancos.

O piso fica o mesmo, com essas pedras de Piracuruca?

Não. Vai ser um piso intertravado de concreto. É o mesmo do quadrilhódromo, aquele onde ficam as barracas. Ele é um piso ecologicamente correto, assentado sobre um colchão de areia. É um piso de fácil manutenção. Por isso que foi escolhido.

Quanto ao Monumento, o que será feito?

Ele vai ser restaurado. Eu quero que ele seja mais valorizado no seu entorno, com iluminação. Eu estou pedindo para retirar esse jardim que dá nas escadinhas de acesso. A escadinha dá dentro desse jardim e impede o acesso. Por isso ninguém sobe. Não há um caminho que leve a ele. Eu estou alargando a área de entorno e, então, ele vai ficar solto, na área pavimentada. Será restaurado em pó de pedra. Só o piso de cima, que está em pedra de Piracuruca, deverá ser de granito apicoado, que não tem aquele polimento e fica muito parecido com o tom do Monumento. A pessoa que fizer o Projeto de Paisagismo vai ver se é viável tirar as árvores do entorno dele, pra dar uma valorizada ao Monumento.

As bancas de revista ficarão as mesmas?

A gente vai dar uma nova roupagem. Os donos serão os mesmos e eles gostariam que elas fossem aumentadas. Sonham até em que elas sejam climatizadas.

Trinta anos atrás, quando destruíram a Praça, o povo não sabia o que estavam fazendo lá dentro por causa do tapume fechado.

É. Mas naquele tempo, o projeto foi imposto. Não houve uma participação popular sobre o projeto. O projeto foi imposto.

E você acha que está havendo alguma participação popular no seu Projeto?

Eu tenho conversado muito dentro da Praça, com o transeunte, pessoas que convivem na Praça. Eu pergunto como eles gostariam que fosse a Praça. Eles gostariam que os bancos não fossem desse jeito, porque são muito longos, sem nenhum conforto. Acham o coreto uma coisa terrível. E que o bar não fosse daquele jeito. Me falaram também pra colocar um pergolado, porque havia um que era muito bonito. Mas a gente não pode voltar àquele pergolado do passado. Pensei num caramanchão por perto da fonte, que seria uma coisa linda, mas o IPHAN não quer nada novo.

Quanto tempo devem durar os trabalhos?

Vai depender dos recursos. Se o recurso parar, a construtora para. Mas eu acredito que a obra dure uns três meses.  

Ler entrevista completa em O Bembém, nº 43, de julho. Nas bancas.