Após pouco mais de três horas de reconstituição da morte do analista de sistemas Eugênio Bozola, de 52 anos, e do modelo Murilo Rezemde, de 21 anos, na Rua Oscar Freire, em São Paulo, o delegado Maurício Guimarães Soares, da Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), disse na tarde desta sexta-feira (9) que a versão dada por Lucas Rosseti, de 21 anos, principal suspeito do crime, é "inconsistente".

“A versão apresentada pelo Lucas na reconstituição é fantasiosa e inconsistente e não tem embasamento quando comparada com as informações da perícia técnica”, afirmou o delegado. “Vou seguir com a mesma versão da investigação que tenho desde o começo.”

A Polícia Técnico-Científica de São Paulo começou por volta das 14h30 a reprodução simulada feita no local do crime. Os trabalhos dos peritos do Instituto de Criminalística (IC) foram encerrados por volta das 18h.

Bozola e Rezende foram encontrados mortos a facadas no dia 23 de agosto, dentro de um apartamento dos Jardins.

O advogado Leonardo Borges, que defende Rosseti, disse que seu cliente ficou "muito abalado" ao entrar no apartamento, mas conseguiu mostrar o que de fato ocorreu.

Segundo Borges, a reconstituição contribuiu com o trabalho da defesa, pois foi de acordo com a versão apresentada pelo suspeito. “A reconstituição foi dentro do esperado e de acordo com a versão do meu cliente. Toda a versão apresentada na reconstituição foi igual a que ele apresentou em todos os depoimentos a polícia, alegando que agiu em legítima defesa. Não há nada no inquérito que conteste esta versão.”

Na versão de Rosseti, ele matou Bozola para se defender. O jovem contou que ele e o modelo foram dopados pelo analista. Quando acordou, ele afirmou ter visto Bozola esfaquear Rezende. Em seguida, disse que entrou em luta corporal com o analista, tomou a faca dele e o feriu para se defender. O motivo do crime não foi citado por Rosseti.

O DHHP aponta outra versão: a de que Rosseti matou Bozola e Rezende por causa de uma discussão envolvendo o tempo de permanência dele no apartamento do analista. Assim como o modelo, o jovem estava hospedado no imóvel ese recusou a sair após uma semana, de acordo com as investigações. A família dela mora em Igarapava, interior de São Paulo. Para a polícia, Rosseti dopou as vítimas antes de esfaqueá-las.

Depois do crime, Rosseti fugiu com o carro de Bozola até Sertãozinho, onde o veículo foi encontrado no dia 28 de agosto. O jovem foi detido pela polícia no dia seguinte. Posteriormente, foi levado a São Paulo, onde está preso temporariamente na carceragem do 77º Distrito Policial, em Santa Cecília.

Contra Rosseti, a investigação possui imagens de câmeras de segurança que mostram o jovem com as vítimas numa pizzaria e numa boate gay da capital paulista. Além disso, a polícia diz que o suspeito também roubou outros objetos de Bozola: um computador e um tênis.

O advogado Leonardo Borges disse que o suspeito continuará ajudando a polícia a esclarecer o crime. “Lucas tem o maior interesse em colaborar com a investigação e mostrar sua versão para os fatos”, disse.

Os laudos do Instituto Médico-Legal (IML) sobre as causas das mortes do analista e do modelo ainda não foram concluídos. Eles irão apontar se as vítimas foram dopadas.

Fonte: g1.com