“Na Penitenciária Mista de Parnaíba, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) será aplicado nos dias 10 e 11 de janeiro. Além da aplicação da prova, na unidade prisional há um acompanhamento educacional dos reeducandos, que tem a oportunidade de cursar os ensinos fundamental e médio na modalidade regular.”

No Piauí 2.038 detentos foram inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio, na versão para pessoas privadas de liberdade ou sob medida socioeducativa – (ENEM PPL). O número representa um aumento de 87% em relação ao quantitativo de 2021, segundo a Secretária de Justiça do Piauí (Sejus). Na Penitenciária Mista de Parnaíba, 59 reeducandos farão a prova. De acordo com o diretor da unidade prisional, Fernando Caldas, os presos têm a oportunidade de estudarem em seu dia a dia e se prepararem para o exame, já que a unidade conta com professores de todas as disciplinas que lecionam todas as segundas-feiras.

As aulas são realizadas na biblioteca da unidade prisional.

“Há cerca de 5 anos que a gente aplica o Enem prisional, e os detentos têm a oportunidade de com isso conseguir nota suficiente para se engajar no curso superior”, disse Fernando. O diretor falou sobre como os presos da unidade se tornam candidatos do Enem (PPL). “Fazemos um levantamento na administração, vamos até o interno e perguntamos se o interno tem interesse em realizar o Enem. Os internos que têm interesse em realizar, eles de antemão já são inscritos e irão realizar a prova”, explicou.

O trabalho desenvolvido pelos professores que trabalham na unidade prisional vai além de ensinar. Eles acompanham o rendimento dos presos em sala de aula e contribuem com sua ressocialização através da educação.

A professora Bruna dos Santos, que atua como professora de geografia, relatou a experiência pessoal trabalhando na penitenciária: “A experiência é incrível. Só mesmo quem está aqui sabe como que é. A gente conhece as histórias de vida deles, a gente começa a ajudar. É muito bom trabalhar aqui dentro do sistema prisional”, disse.

Bruna dos Santos, professora de geografia na penitenciária.

Com uma nota suficiente para concorrer a uma vaga na universidade, os presos podem ter a oportunidade de cursar um curso superior. Fernando Caldas explicou como isso pode ser possível. “No caso, os internos que adquirirem nota suficiente, se ele já tiver em condições de sair para a liberdade, ele já pode ingressar na universidade, se não ele fica com a nota de apto para que o advogado possa pleitear, tanto futuramente o curso, quanto a questão de remissão ou qualquer benefício que possa haver em relação à lei”.