Os partidos políticos se movimentam, realizam suas convenções, recebem novos filiados, buscam viabilizar projetos de carreira e programas. Não é assim tão simples, é claro! Partido político virou um grande negócio sujeito às leis de mercado. Grandes empresas, grandes negócios: cargos, poder de influência e barganha. Pequenas empresas, pequenos negócios, empresas de fachada, respirando pelas brechas da lei. Aquela coisa de programa, ideologia, tudo virou folhetim. Com tantos partidos e de tantos tamanhos, nosso cenário político virou um mercado persa, uma feira do Guará. Um troca-troca.

Os políticos, ou” projetos de”, por sua vez, manobram, estudam suas possibilidades, avaliam chances, aplicam estratégias às suas conveniências, oferecem vantagens, delineiam hipotéticos territórios de comando: áreas, bairros, pequenos municípios, órgãos de classe, tudo no valor da moeda do propagado serviço prestado e da popularidade. Não importa que este serviço seja regiamente pago: pelos fiéis, pelo poder público, convênios, planos de saúde, etc. Fazendo o que lhes pagam pra fazer, ainda assim, é possível emprestarem, hipotecarem, um favor à revelias do assistido. Está armado o laço da dívida paga com voto. Tudo assim, subjetivamente. Um contrato de risco, mas que o jogador, por querer tanto, aposta e paga pra ver. Tem gente que vive disso. Vende o que não tem e ainda é recompensado com pequenos cargos na periferia do poder.

Está aberta a temporada de caça ao cargo maior da cidade e a outros degraus do poder. A dança acontece a cada dois anos no país. Dança para Brasília, Estados, Assembleias. Dança para prefeito e vereadores. O país aceita os pares e ensaia os passos, com a leve esperança de uma conquista real. Mas quase tudo é ensaio, show pirotécnico com performances as mais variadas, e devidamente compostas para convencer a maioria. Vele tudo. Uma está amarrada à outra. Dança-se uma pensando na outra. Quanto mais tempo permanecer no salão, melhor.

No momento a cidade sonolenta é a grande presa, a grande prenda perseguida pelos mais variados motivos. Alguns chamam de ideais, outros de missão. Mas sabemos que essas categorias, um tanto nobres, estão em desuso. O que conta mesmo é o poder como afirmação de conquista do homem, uma cabine de comando com fartos recursos, vigiados ou não por uma lei de responsabilidade fiscal, mas assim mesmo, incapaz de tapar o ralo de recursos que sobram dos contratos das grandes obras. Ou desaparecem, misteriosamente, seu deixar rastros. O País tem acompanhado isso como nunca, na esfera federal. O que justificaria um homem gastar tanto para servir ao público.

Mas o pior é quando o cara é honesto e tem que se submeter a pagar, com dinheiro público, convocações de sessões extraordinárias para ter seus projetos aprovados e as obras que pensou para cidade, em curso. Mas isto faz parte do dia seguinte. A antes é o agora. Quando todos se rebolam para serem notados e cooptados por entes um pouco mais poderosos, a quem possam, encostados, servirem-se das sombras. É claro que toda regra trem exceção. Espero, sinceramente, que você seja uma delas. Ou seria sua excelência? Ainda é cedo, claro! Mas é por aí.

Por José Galas