A audiência pública que discutiu a crise dos combustíveis no Piauí e em Teresina, serviu para desmentir o argumento utilizado pelos varejistas, que o aumento nos preços, verificados desde o final de outubro passado, é consequência do frete mais caro pelas rodovias.
Jorge Celestino Ramos, gerente de operações da Petrobrás Distribuidora, lembrou que ha tempos a ferrovia não atende a demanda. Atualmente do suprimento de Teresina, estimado em 44 milhões de litros de combustíveis por mês, vindo da capital do Maranhão, São Luís, 60 por cento vem de trem e 40 por cento através de caminhões. A distribuidora não repassa o custo do transporte rodoviário para o consumidor. “O custo não subiu. Não repassamos isso para a sociedade”, afirmou Celestino Ramos.
O representante da Agência Nacional do Petróleo (ANP), endureceu o discurso contra os donos de postos. Robert Freitas, superintendente adjunto de abastecimento, lembrou que a revenda de combustíveis é um serviço de utilidade pública, tendo o empresário que oferecer qualidade e preço justo. “É obrigação manter estoques de segurança compatíveis com o risco. Se o nível do serviço do operador ferroviário deixa a desejar, tem que ter reserva mesmo arcando com os custos extras” ressaltou Freitas.
O sindicato dos ferroviários do Piauí cobrou mais investimento na via férrea, mostrando inúmeras fotos de descarrilamentos do trem que vem do Maranhão. A Transnordestina logística, que explora o serviço anunciou investimentos de R$ 20 milhões na frota de locomotivas e aumento de 35 por cento na disponibilidade de vagões para atender São Luís Teresina. A empresa anunciou que está investir R$ 60 milhões na recuperação dos trechos desgastados.
Os sindicatos nacional e local, do comércio varejista de derivados de petróleo, foram convidados mas não mandaram representante.
O deputado estadual Cícero Magalhães (PT), propositor da audiência, lamentou a ausência. “Vamos solicitar da ANP a averiguação do preço antes e hoje. Fica constatado que os representantes dos postos impõem um preço injusto em cima da população” disse Magalhães.
O Procon, órgão de defesa do consumidor, instaurou procedimento administrativo e está fiscalizando os postos. “Vamos provocar a ANP para nos repassar dados, analisar as planilhas de custos dos postos para saber se está havendo abuso e adotar as providências”, pontuou Dessio Rauff, assessor jurídico do Procon.
Fonte: Portal do Bikanca