SEMANÁRIO JURÍDICO – EDIÇÃO DE 13.04.2018.
CENTENÁRIO DA ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS – 1917 – 2017.
ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE JOSÉ DE FREITAS – FALTA DE AÇÃO PREVENTIVA.
A imprensa noticiou ontem o iminente rompimento da conhecida Barragem do Bezerro, localizada no município de José de Freitas – Pi. Caminhões do Exercito estiveram no local retirando os moradores das áreas que poderão ser inundadas com o previsível desastre.
Há muito que técnicos especializados no trata da matéria alertam para que se faça manutenção preventiva dos açudes do Estado do Piauí, pois a exemplo do que aconteceu com a Barragem dos Algodões, que o rompimento vitimou pessoas, animais, lavouras, casas residenciais, enfim, destruiu o patrimônio de muitos, outros desastres poderiam acontecer.
Mas o Governador do Estado, jamais dispensou qualquer atenção para a solução do problema, que é grave, dando prioridade a viagens de avião pra prestar solidariedade ao apenado Lula, condenado pela Justiça, por práticas desonestas. Enquanto a população sofria ante o iminente risco de inundação e da perda do valioso patrimônio que é a barragem do Bezerro, o Chefe do Executivo, na companhia de outros desocupados, insistia em querer visitar o herói criminoso no presídio.
O iminente rompimento da barragem de José de Freitas, que agora informam sobre controle, se ocorrer prejudicará inúmeras famílias de pequenos comerciantes (chamados de “barraqueiros”), que atendem os turistas, promovem a circulação de dinheiro e sustentam seus familiares e, de resto, toda a Cidade, que se beneficiam com o aprazível lago.
Culpa de quem? Respondo: somente do Governo do Estado que jamais promoveu ações preventivas de baixo custo financeiro, objetivando corrigir falhas na estrutura física das barragens e, assim, evitaria desastres gravíssimos da proporção do anunciado.
Um fato, no mínimo hilariante. Boateiros levianos estão culpando os “barraqueiros”, que atendem os clientes na venda de bebidas e de alimentação, pelo desastre da barragem que não recebeu do Governo do Estado qualquer ação preventiva. Nada mais absurdo.
ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS – ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO.
No dia 30 de dezembro de 1917 Lucídio Freitas, acompanhado de um grupo de intelectuais, fundou a Academia Piauiense de Letras e o escritor Clodoaldo Freitas foi o primeiro presidente no período de 1917 a 1919. A APL que completou cem anos de existência em dezembro do ano passado.
Como consta do seu Regimento Interno a Academia Piauiense de Letras, sediada na cidade de Teresina, “é uma sociedade dotada de personalidade jurídica, sem fins lucrativos, de duração indeterminada, constituída de pessoas de reputação ilibada e que sejam autoras de obra, aqui entendida como a de produção literária, científica e artística de manifesto valor em qualquer área do saber…”
Referida Academia edita regularmente desde o ano de 1918 a sua Revista e a última edição, organizada pelo intelectual Nildomar da Silveira Soares, é comemorativa ao seu centenário.
O atual Presidente da APL acadêmica Nelson Nery Costa, à guisa de APRESENTAÇÃO da Revista, afirmou:
“De que matérias são feitos os sonhos? De que se baseiam as aspirações sociais? Trata-se de uma reação química? Ou da física das partículas? O que fez dez homens sonharem de olhos abertos? O que levou a imaginação para se criar e instalar-se uma instituição voltada para a literatura, o conhecimento e a cultura? Foi apenas a inspiração da Academia Brasileira de letras fundada, em 1897, por Machado de Assis? Era tão somente completar a primeira tentativa piauiense de fazer o mesmo, em 1901? Ou apenas sonhar?
1917 foi um ano cabalístico. Muitas mudanças, incrível. No social, a célebre Constituição Mexicana de 1917 que pela primeira vez constitucionalizou os direitos sociais. Para quebrar de vez os paradigmas, a Revolução Soviética de Outubro de 1917, com Lênin mobilizando as massas e, bem ou mal, construindo a primeira pátria socialista. Em 26 de outubro de 1917, o Brasil declarou guerra à Alemanha, depois de intensa manifestação popular como não se tinha visto antes.
Em 1917 também estava quente na cultura do Piauí. De pronto, uma bomba lírica devastadora, com Zodíaco,de Da costa e Silva, lançado no mesmo ano, agora também com um século. Em 1917, também Vidas Obscuras. Adiante do Ano, o mesmo jovenzinho incendiou tudo com suas ideias e seu carisma, Lucídio, que logo levou duas importantes lideranças da política e da cultura, o pai Clodoaldo Freitas e o Amigo deste Higino Cunha, eu por sua vez trouxe o filho Edson e o genro Jônatas Batista e os irmãos Celso e João Pinheiro e os amigos Antônio Chaves, Fenelon Castelo Branco e Baurélio Mangabeira. Dez. E tudo ocorreu em 30 de dezembro de 1917.
O que aconteceu em um século? Duas guerras Mundiais, duas bombas atômicas explodidas, a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnan, as guerras de Israel, as guerrilhas a favor delas próprias. Veio o jazz e a arte moderna. As saias subiram aos joelhos e os biquínis diminuíram de tamanho. Tudo mais cool… Gramsci, Sartre, Haberman, Bobbio. Joyce, Hemingway, Cortazar , Humberto Eco. Oswald, Drummond, Caio Prado Júnior, Tarsila. O cinema, a TV e a computação. As redes sociais. A Lua. As vacinas e o HIV.
Imaginando tanto tempo para trás, tantas histórias, prosas, poesias, várias biografias e estudos críticos, contado de uma a cem, um por um. O tempo foi sábio, algumas vezes simpático, noutras rancoroso, o tempo não olhou para o próprio tempo. E, assim, num piscar de olhos… cem anos. Quarenta patronos, cento e cinquenta e um acadêmicos. Noventa e nove anos da Revista da Academia Piauiense de Letras, trinta e um anos da sede atual. Dezessete anos no novo século. Oitenta e três anos para o século XXII. Num sonho, sonhado por muita gente, de repente outro sonho, o amanhã e o próximo século”.
A manifestação do Presidente Nelson Nery Costa, pela profundidade dos conceitos lançados, alguns de cunho filosófico e poético, mereceu transcrição na integra pela coluna numa homenagem ao autor da matéria e, de resto, a todos os integrantes da Casa Maior da Cultura Piauiense.