As chuvas foram especialmente ruins no Sudeste (Foto: Exame)

Neste início de ano, as trombas d’água, como é de costume, têm alagado ruas, invadido casas e até resultado em mortes em vários centros urbanos do País. Para as cidades, tem sido, em muitos momentos, um caos. Para o setor de energia elétrica, porém, o volume de chuvas de janeiro frustrou expectativas.

Tecnicamente, o que se diz no setor é que a quantidade de chuva capaz de ser convertida em energia elétrica nos rios e nas barragens ficou muito abaixo do ideal. Na verdade, essa chuva teve um comportamento oposto ao esperado. Ao invés de aumentar, como é o normal para esta época do ano, ela caiu.

As chuvas foram especialmente ruins no Sudeste, justamente a região onde se concentram as hidrelétricas mais importantes para o abastecimento do País. Segundo levantamento realizado pela comercializadora de energia Compass, o indicador que mede o impacto das chuvas sobre os reservatórios tende a terminar o mês com o menor valor dos últimos 43 anos: seria o pior janeiro para o setor elétrico no Sudeste desde 1971.

“Existe uma anomalia climática que não é apenas nacional, mas global”, diz Patricia Madeira, analista da área de energia da Climatempo, empresa especializada em mapeamento climático. O calor aumenta a evaporação nos reservatórios e deixa a terra seca, propensa a reter a água. Para complicar, o nível das barragens está baixo há quase dois anos, o que demanda mais água para voltar ao normal. “Os reservatórios de usina precisam de dias consecutivos de chuvas para encher”, diz Patricia.

Para que eles pudessem encher, seria preciso chover em março seis vezes mais que a média histórica – e não é isso que está previsto. “A tendência é que será mais um ano de térmicas ligadas e de pressão sobre a geração – e também sobre o preço da energia”, diz Marcelo Parodi, sócio da Compass. De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o preço da energia no chamado mercado à vista subiu 18% em uma semana.

Fonte: Exame