No bairro Mendonça Clark, em Parnaíba, um projeto social tem mudado a vida de dezenas de mulheres. Mais do que receitas de pães e esfirras, a oficina ensina a empreender, gerar renda e recuperar a autoestima de participantes em situação de vulnerabilidade social.

A cada fornada, surge também uma nova perspectiva. O pão que cresce no forno simboliza dignidade, autonomia e a força de mulheres que encontraram no coletivo uma forma de transformar dificuldades em oportunidades. Parte da produção é vendida, e o dinheiro arrecadado é dividido: uma porcentagem ajuda a manter a instituição, enquanto a outra complementa a renda das famílias.

Atualmente, 20 mulheres participam diretamente das oficinas, enquanto 54 crianças são atendidas em outras atividades da ONG. A instrutora da oficina, Laura Porto, explica:

“Eles podem fazer em casa, ganhar algum dinheiro com isso, divulgando, vendendo para pessoas conhecidas e para a ONG também, que vai ter uma receita melhor para poder ajudar mais crianças. É uma aprendizagem. Nunca é demais aprender as coisas.”

Laura também conta que aprendeu as primeiras técnicas sozinha e hoje repassa o conhecimento às colegas.

“Eu mesma sou autodidata nisso. Aprendi com uma amiga minha, que já foi Masterchef, e dali eu fui mexendo na receita e fiz a minha própria. Eu fui convidada para dar essa aula para as meninas. Esse pão aqui, por exemplo, é recheado e sai a R$ 19,00. A gente vende aqui mesmo e, se precisar, faz entrega.”

Apesar dos resultados positivos, a Oficina Esperanza enfrenta dificuldades financeiras. Sem apoio político, o projeto sobrevive com doações da comunidade e de empresários locais. A coordenadora de Projetos e Extensão, Isabelle Araújo, relata:

“Está sendo bem desafiador. A Oficina Esperança não pode parar. A gente está realizando o trabalho desde 2021 com toda a comunidade, crianças, famílias e mulheres. O terceiro setor é uma sobrevivência a cada dia.”

Ela acrescenta que a falta de recursos já levou à redução da carga horária de atividades para as crianças.

“Perdemos alguns funcionários também. Não está fácil, mas a gente está aqui tentando continuar da melhor forma possível, dando o nosso máximo. Para dar continuidade, a gente precisa de apoio, de parceiros para seguir.”

Entre as beneficiadas está Marilene Ferreira, que além de aprender, compartilha seu conhecimento em crochê com as colegas. Para ela, a oficina é mais do que um espaço de trabalho.

“A gente vê o empenho das pessoas que trabalham aqui, o amor delas pela ONG. Então a gente não pode deixar que feche, temos que procurar apoio para manter aberta. Eu não tenho filhos aqui, mas sei da importância para as mães que precisam desse espaço, com aula de dança, balé, música e informática.”

A coordenadora do Espaço Mulher Esperanza, Jacinta Freitas, reforça que o objetivo é fortalecer o empreendedorismo feminino.

“É muito enriquecedor para mim, eu aprendi muito com elas. O projeto foi pensado para dar autonomia financeira às mulheres, para mostrar que elas podem ir muito além do que já fazem no cotidiano. Aqui, elas encontram acolhimento e oportunidade de transformar suas realidades.”

Entre receitas, aprendizado e união, a oficina mostra que cada pão produzido é também um passo rumo à independência e à valorização do trabalho feminino.

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