O procurador-geral do município de Parnaíba, Ricardo Mazulo, foi o entrevistado desta quinta-feira (12) do Jornal da Costa Norte. Ele falou sobre as atribuições da procuradoria dentro da Prefeitura Municipal, mas a situação financeira do Poder Executivo acabou sendo um dos temas mais evidentes da entrevista.
“Infelizmente a realidade de Parnaíba hoje é negativamente impressionante. Se apurou até agora R$ 24 milhões em dívidas, mas toda hora aparecem outros débitos, que se somados podem chegar a R$ 27 milhões. Os números são assustadores. E o mais triste é ver pessoas que eram responsáveis pelo município irem à imprensa falar coisas que não são verdadeiras”, exclamou.
O advogado disse ainda que “o município é obrigado a tomar as medidas cabíveis, como entrar com ação de improbidade administrativa, ressarcimento do erário público e até provocar o Ministério Público para ações penais” contra o ex-prefeito e outros ex-integrantes do quadro administrativo.
Ricardo Mazulo falou ainda que a atual gestão foi prejudicada pelo fim de contratos que se encerraram no último dia 31 de dezembro. “O sistema de gestão da prefeitura foi bloqueado pela empresa responsável e no dia 02 já não era possível sequer pagar um imposto. Até que o problema fosse resolvido, o município ficou no prejuízo”, explicou.
Sobre o decreto de emergência, o procurador-geral justifica que a situação financeira em que a prefeitura foi deixada na área da saúde, por exemplo, comprova a necessidade da medida. “Combustível para ambulâncias que fazem o transporte de pacientes, remédio para os doentes, tudo isso é preciso com urgência, ou vamos deixar o paciente morrer?”, questiona, ao afirmar que a situação deve ser regularizada em até 100 dias.
A Central de Licitações também foi citada por Mazulo durante a entrevista. “Formataram os arquivos do computador. Conseguimos com um ex-funcionário alguns arquivos relativos ao ano de 2016, mas os antigos não temos acesso nenhum. Tudo que puderam pegar, tiraram as informações de dentro da prefeitura e apagaram”, disse.
O procurador-geral diz ainda que foram encontrados contratos firmados com valores acima dos de mercado e citou como exemplo a internet contratada para a Secretaria de Educação. “Eu pago 168 reais por cinco mega de internet na minha casa, mas a secretaria estava pagando 19 mil por seis links de dois mega”, comenta.
Entre uma revelação e outra no âmbito das finanças municipais, Ricardo Mazulo fez um pedido aos antigos gestores: “Nós temos todas as informações. Eu torço, eu peço aqui: que a administração anterior traga, nós podemos até vir aqui ao vivo para confrontar os dados, mostrando a documentação de um e de outro, qual é a realidade e qual é a mentira da história”.