É NEM
Vitor de Athayde Couto
O velho da minha geração era o velho e o mar. Quem não leu aquele livro cubano? Calma, gente, a revolução cubana só aconteceu sete anos depois de o livro ter sido publicado, em 1952. Relaxem, o velho não era comunista. O mar, tampouco. E nem o espadarte. Consta até que os tubarões eram agentes da CIA, enviados da Flórida pelo governo americano. Mesmo assim ficou este grande aprendizado: “um homem pode ser destruído, mas nunca derrotado”.
Hemingway era leitura obrigatória para o exame vestibular. Em Geografia, o mínimo exigido, que eu me lembre, era conhecer as teses de Pierre George, Josué de Castro, e Manuel Correia de Andrade.
Lamento pelas gerações seguintes que tiveram outros velhos, a começar pelo velho do saco. Depois vei o véi da Havan e o véi da pisadinha (veja aqui). Não sei o que irão aprender com esse veio de sabedoria, mas torço por elas.
Soube que o ENEM deste ano foi muito difícil. Como se trata do octagésimo aniversário de nascimento da musa da bossa-nova, ocorrido no dia 19 de janeiro, ouvi dizer que o MEC resolveu comemorar. A fim de facilitar para as atuais gerações, adotou-se a múltipla escolha – técnica pedagógica genial, importada dos EUA, no âmbito do acordo MEC-USAID.
A técnica funciona mais ou menos assim:
Marque com um X o sobrenome da cantora musa da bossa-nova: Nara…
( ) Onça
( ) Gato
( ) Tigre
( ) Leão
Marque com um X o apelido do dono da lancha:
( ) Cabeça de Cuia
( ) Cabeça Branca
( ) Cabeça Preta
( ) Cabeça de Bagre
Conclusão: cada geração tem o véi que merece. E o mar também, com direito a óleo na praia. Talvez seja por isso que o Secretário de Cultura foi vetado na excursão para a Rússia. Faz sentido a justificativa do presidente: Mário, em fevereiro a Rússia é muito “Frias”, talkey?
Assista aqui Nara Leão cantando “Pra dizer adeus”, música do pernambucano-carioca Edu Lobo, com a maravilhosa letra do piauiense Torquato Neto.
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Escute o texto com a narração do próprio autor: