Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha
Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha

O empresário Alexandre Margotto, ligado ao operador financeiro Lucio Funaro, afirmou em sua delação premiada, já homologada pelo juiz Valisney Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, que o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o também empresário Joesley Batista, presidente da holding J&F, tiveram participação em esquema de corrupção envolvendo a Caixa Econômica Federal. A revelação foi feita nesta noite de domingo pelo programa Fantástico, da Rede Globo.

Em depoimento gravado ao Ministério Público em Brasília, Margotto também dá detalhes do suposto envolvimento de Joesley. Segundo o delator, Joesley teria oferecido uma casa em São Paulo avaliada em mais de 20 milhões de reais como parte do pagamento aos serviços de Funaro, que, por sua vez, acenava com supostas facilidade na Caixa Econômica por ter proximidade com funcionários do alto escalão do banco, entre eles um dos vice-presidentes da instituição.

Margotto confirma ainda uma suposta informação relatada anteriormente por Fabio Cleto, ex-vice-presidente de fundos de governo e loterias da Caixa e ex-integrante do Conselho Curador do FGTS e do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS), cargos que lhe davam acesso e alguma influência a decisões bilionárias tomadas com dinheiro público, ainda que nem sempre de acordo com o melhor interesse da sociedade. Cleto, que chegou ao cargo por indicação do ex-presidente da Câmara, o ex-deputado federal Eduardo Cunha, teve a sua delação premiada homologada em meados do ano passado.

Segundo Margotto, Geddel e Cleto teriam sido fundamentais para viabilizar que o FI-FGTS comprasse títulos privados (debêntures) emitidos pela Eldorado Brasil, empresa de papel e celulose que pertence à holding J&F, da família Batista. A J&F é dona, entre outras empresas, da gigante mundial de carnes JBS. Margotto disse ainda, segundo o Fantástico, que Joesley buscou influência para indicar uma pessoa de sua confiança em um cargo técnico relevante no Ministério da Agricultura, o departamento de inspeção de produtos de origem animal. O indicado teria sido Flávio Turquino, que, no entanto, segundo Margotto, não teria concordado em participar do suposto esquema e pediu para ser exonerado pouco depois de assumir.

Procurados pelo Fantástico, a defesa de Geddel Vieira Lima disse que ele não mantém qualquer contato com Alexandre Margotto, reafirmou a sua conduta correta e disse que ele está à disposição para prestar esclarecimentos à Justiça.

A J&F reiterou que suas relações com Lúcio Funaro são lícitas, legais e devidamente documentadas. Informou que está à disposição do Ministério Público e da Justiça para acrescentar o que for eventualmente necessário e disse que Joesley Batista não teve nem tem qualquer relação com Alexandre Margotto.

A Caixa Econômica afirmou que está em irrestrita colaboração com as autoridades.

As informações acima foram todas reveladas pela reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo.

Fonte: Veja.com