A exploração sexual de crianças e adolescentes segue sendo uma grave violação de direitos humanos nas margens das rodovias federais. No Piauí, esse crime persiste de forma silenciosa, muitas vezes ignorada; mas intensamente presente em diversos trechos do Estado. Um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), por meio do projeto Mapear, identificou 2.825 pontos de risco em todo o território piauiense, muitos deles ainda em plena atividade.

Esses locais vulneráveis estão, em sua maioria, próximos a bares, postos de combustíveis, restaurantes e estabelecimentos noturnos à beira das estradas. A combinação entre fluxo constante de veículos, fragilidade social e ausência de fiscalização contínua torna o ambiente propício à atuação de redes de aliciamento e exploração sexual.

Em Parnaíba, cidade litorânea e turística do Estado, o alerta é máximo. As BRs que cortam a região revelam um cenário que merece vigilância. A presença de adolescentes em situação de risco, especialmente à noite, é uma realidade. “Nós fazemos um mapeamento das rodovias, indicando os pontos onde há maior vulnerabilidade para crianças e adolescentes. A fiscalização é contínua e baseada em dados que permitem uma atuação mais eficiente”, explica o policial rodoviário federal Cardoso Santos.

Ainda segundo ele, a atuação da PRF incomoda alguns donos de estabelecimentos, mas a presença da força policial é uma medida preventiva. “Nosso objetivo é proteger crianças e adolescentes e evitar que os locais se tornem focos desse tipo de crime”, reforça Santos.

A prostituição infantil nas rodovias é um problema de segurança pública; bem como um reflexo da negligência social e da falta de proteção efetiva a crianças e adolescentes. A impunidade, somada ao silêncio e à omissão, perpetua o ciclo de violência. Diante desse cenário, é urgente que a sociedade colabore. A vigilância popular, a denúncia de práticas suspeitas e o apoio às ações de fiscalização são fundamentais para combater esse tipo de crime.