O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), concluiu a investigação sobre o acidente que matou a cantora Marília Mendonça em novembro 2021. O resultado da perícia será apresentado aos familiares das vítimas do acidente na próxima segunda-feira e, posteriormente, publicado no site da Cenipa.

O órgão não adiantou o resultado da investigação, nem disse a data exata de quando o relatório final será disponibilizado no site da instituição. No entanto, no portal da Cenipa, a investigação consta como estando 95% concluída. Segundo o órgão da FAB, seu objetivo não é atribuir responsabilidade ou culpa, mas ajudar a evitar que novos acidentes se repitam.

No dia 5 de novembro de 2021, a aeronave de matrícula PT-ONJ caiu no município de Piedade de Caratinga após colidir com um cabo da Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig). Todas as cinco pessoas dentro do bimotor morreram. Além de Marília, a aeronave levava o produtor Henrique Bahia, o assessor Abicieli Silveira e os pilotos Geraldo Martins de Medeiros e Tarciso Pessoa Viana.

Em novembro de 2022, a Polícia Civil de Minas Gerais afirmou que o acidente aconteceu após o piloto da aeronave não seguir o padrão de pouso do aeroporto de Caratinga:

— O que a gente sabe mediante depoimentos feitos é que o piloto não fez a manobra que se esperava, ele saiu da zona de proteção do aeródromo — afirmou o delegado Ivan Lopes, que disse ter falado com pilotos que aterrissaram no aeroporto no mesmo dia. — Não há uma obrigatoriedade de pousar nessa forma padrão, mas, quando ele sai dessa zona de proteção do aeródromo, é por conta e risco dele. Ele se afastou muito, veio muito baixo e se chocou.

Nenhum problema técnico foi relatado pelo piloto ao longo do voo. Ainda de acordo com o delegado, a Cemig não estava obrigada a sinalizar a existência dos cabos de energia, por estarem além da zona de proteção do aeródromo, delimitada por um raio de três quilômetros.

O advogado Sergio Alonso, que representa a filha do piloto Vitória Medeiros em uma ação indenizatória contra a Cemig, afirma que a empresa deveria ter sinalizado a presença dos cabos de transmissão. A ação foi ajuizada após a conclusão de uma longa perícia sobre o caso, encomendada pela família do piloto.

— A aproximação é feita de fora para dentro da zona de proteção. Como tinha esse fio, os aviões que conhecem essa região fazem o mergulho antes, de forma abrupta. Esse foi o primeiro voo dele no local, e a norma em aviões comerciais é fazer curvas de pequena inclinação, suaves — disse o advogado Sergio Alonso, explicando a opção do piloto Geraldo Medeiros.

De acordo com Alonso, o piloto teve ainda sua visão prejudicada pelo sol, que estava em sua direção. A Cemig deveria ter sinalizado a presença das torres independentemente delas estarem ou não na zona de proteção, afirmou ainda.

— Ela plantou um risco sem sinalização. Mesmo que a torre esteja fora da zona de proteção, ela está por 800 metros. Não são nem 10 segundos para o avião passar. Por que ela não teve o bom senso de sinalizar? Ela correu o risco — conclui o advogado, especializado em Direito Aeronáutico.

 

Fonte: O Globo