O Bom Dia Brasil mostra uma lição que vem de famílias que recebiam o Bolsa Família em Caxingó, um dos municípios mais pobres do país – no interior do Piauí. Elas melhoraram de vida e se desligaram do programa para beneficiar quem precisa mais.
Maria Rejane parou de estudar aos 17 anos para cuidar da filha. Ela e o marido estão desempregados. “Meu esposo vive de bico, R$ 30 por semana”, conta.
Maria Rejane faz parte de uma lista de 180 moradores de um dos municípios mais pobres do Piauí que esperam ser beneficiados com o programa Bolsa família. O governo federal paga R$ 102 para quem tem apenas um filho.
Caxingó tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano do estado e a renda per capita é menor que R$ 180.
Diante dessa realidade o teto máximo, estabelecido pelo governo federal, para o número de famílias que podem receber o benefício foi alcançado. São pouco mais de 900 no município.
Por dois anos praticamente ninguém ingressou no programa. A equipe da Assistência Social do município procurou os moradores que tiveram um aumento da renda. E fizeram um trabalho de conscientização sobre a importância de se desligar voluntariamente do programa.
“Possibilita que uma outra família entre e que seja beneficiária. Por quê? Porque a senhora melhorou de renda”, explica a assistente social a uma família.
Cleudiane recebeu a visita do grupo. Ela foi aprovada num concurso público para trabalhar como auxiliar de serviços gerais e resolveu sair do programa. “Sabia da necessidade de outras pessoas, por isso eu tinha a consciência do que eu estava fazendo”, explica.
“Era a única maneira que a gente tinha de reduzir a fila de espera porque o nosso município é muito carente e a fome não espera”, afirma a assistente social Elisângela Escórcio.
Já Leda dos Santos nem esperou a visita da assistente social: “Se eu e meu filho estamos trabalhando e nossa renda dá para nós nos mantermos”, diz a auxiliar de professora.
Por causa de atitudes como a de Dona Leda e com o trabalho da equipe junto à população, o município conseguiu o que parecia impossível: em um período de nove meses incluiu mais 80 famílias no programa. Gente como Conceição – ela e o marido viviam apenas com R$ 200 por mês.
Agora eles quase que dobraram a renda da família e num bom momento: Conceição está esperando o primeiro filho.
“Graças a essas pessoas que com vontade própria abriram vaga para minha família fosse beneficiada também”, diz a dona de casa Maria da Conceição Lima.
Na contramão dos bons exemplos de Caxingó estão quase 6.800 cadastrados do programa no Piauí. Eles recebiam sem ter mais direito ao benefício. Um exemplo é a família de um vereador do município de Luís Correia. Mesmo com a renda mensal de R$ 3 mil, ele continuava recebendo o Bolsa Família.
“Eu não tinha noção, se a gente tinha que dar baixa, eu não entendia nada disso”, justifica o vereador Sebastião Passos.
“Eu acho que é injusto a pessoa ter salário, ser assalariado e continuar recebendo se outras pessoas estão precisando”, diz Dona Leda.
Fonte: Bom Dia Brasil