213261_40714_64768Os homicídios de mulheres aumentaram 46,9% em dez anos no Piauí. Em 2003 foram registrados 32 homicídios; em 2013 os registros subiram para 47. É o que aponta o Mapa da Violência 2015.

O estudo aponta que a taxa de feminicídio para cada 100 mil mulheres teve uma variação de 34,5% entre os anos de 2003 e 2013. Enquanto o índice em 2003, era de 2,2 mulheres vítimas para cada 100 mil habitantes do sexo feminino, em 2013, esse índice subiu para 2,9 (para 100 mil). A variação foi de e de 39,8% entre 2006 a 2013.

O Mapa da Violência 2015, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), inova ao revelar a combinação cruel e extremamente violenta entre racismo e sexismo no Brasil. Houve um aumento de 54% em dez anos no número de homicídios de mulheres negras, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013. 
No mesmo período, a quantidade anual de homicídios de mulheres brancas caiu 9,8%, saindo de 1.747 em 2003 para 1.576 em 2013. 

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Foto: Editoria de Infografia /JMN

No Piauí, o número de homicídios de brancas cai de 6, em 2003, para 10, em 2013. Isso representa um aumento de 66,7% no total de homicídios do período. Já os homicídios de negras aumentam 50%no mesmo período, passando de 24 para 36 vítimas, tendo no ano de 2012, o maior registro: 40. A vitimização negra subiu 25,6 %, em dados de 2013 coletados para o Mapa da Violência.

“As mulheres negras estão expostas à violência direta, que lhes vitima fatalmente nas relações afetivas, e indireta, àquela que atinge seus filhos e pessoas próximas. É uma realidade diária, marcada por trajetórias e situações muito duras e que elas enfrentam, na maioria das vezes, sozinhas. Os dados denunciam outra bárbara faceta do racismo e amplia a reflexão sobre os tipos de violência sofridas pelas mulheres. É urgente criar consciência pública de não tolerância ao racismo e acelerar respostas institucionais concretas em favor das mulheres negras”, relata a representante da ONU Mulheres Brasil, Nadine Gasman.

As taxas das mulheres e meninas negras vítimas de homicídios cresce de 22,9% em 2003 para 66,7% em 2013. Houve, nessa década, um aumento de 190,9% na vitimização de negras, índice que resulta da relação entre as taxas de mortalidade brancas e negras, expresso em percentual.

O lançamento da pesquisa conta com o apoio do escritório no Brasil da ONU Mulheres, da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. 

Piauí é penúltimo no ranking de homicídios de mulheres

Os dados do Mapa da Violência 2015 sobre homicídios de mulheres no Brasil revelam que apesar do aumento no número de ocorrências registradas entre 2003 e 2013, o Piauí se configura como o penúltimo estado menos violento.  A taxa de feminicídio para cada 100 mil mulheres no Piauí foi de 2,9, o mesmo de São Paulo, que está em último no ranking.

Roraima tem o maior índice: 15,3. Em 2013, por exemplo, se Roraima apresentou uma taxa absurdamente elevada, de 15,3 homicídios por 100 mil mulheres, mais que triplicando a média nacional, os índices de Santa Catarina, Piauí e São Paulo giravam em torno de 3 por 100 mil, isso é, a quinta parte de Roraima.

O país tem uma taxa de 4,8 homicídios por cada 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo, conforme dados da OMS que avaliaram um grupo de 83 países.

Os estados do Mato Grosso do Sul, Amapá, Rondônia, Pernambuco, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo foram os únicos que tiveram uma redução nas taxas de homicídio de mulheres (por 100 mil) entre 2003 e 2013.

Capitais

O estudo também apresenta os dados das capitais do país. Teresina aparece na 22ª posição no ranking dos feminicídios. Na capital do Piauí, houve aumento de 84,6% nos dez anos e taxa de homicídio de mulheres (por 100 mil) com aumento de 65,1%.

A pesquisa também fez um levantamento dos 100 municípios com mais de 10.000 habitantes do sexo feminino, com as maiores taxas médias de homicídio de mulheres (por 100 mil). Nenhuma cidade do Piauí apareceu na lista.

Faixa etária e ambiente do crime

É baixa ou nula incidência até os 10 anos de idade, crescimento íngreme até os 18/19 anos, e a partir dessa idade, tendência de lento declínio até a velhice. O platô que se estrutura no homicídio feminino, na faixa de 18 a 30 anos de idade, obedece à maior domesticidade da violência contra a mulher.

Nesta edição, o estudo foca a violência de gênero e revela que, no Brasil, 55,3% desses crimes foram cometidos no ambiente doméstico e 33,2% dos homicidas pessoas bastante próximas das vítimas, com base em dados de 2013 do Ministério da Saúde.

Segundo a pesquisa, 50,3% das mortes violentas de mulheres são cometidas por familiares e 33,2% por parceiros ou ex-parceiros. Entre 1980 e 2013 foram vítimas de assassinato 106.093 mulheres, 4.762 só em 2013.

Nos homicídios masculinos prepondera largamente a utilização de arma de fogo (73,2% dos casos), nos femininos essa incidência é bem menor: 48,8%, com o concomitante aumento de estrangulamento/sufocação, cortante/penetrante e objeto contundente, indicando maior presença de crimes de ódio ou por motivos fúteis/banais. Outro indicador diferencial dos homicídios de mulheres é o local onde ocorre a agressão. Quase a metade dos homicídios masculinos acontece na rua, com pouco peso do domicílio. Já nos femininos, essa proporção é bem menor: mesmo considerando que 31,2% acontecem na rua, o domicílio da vítima é, também, um local relevante (27,1%), indicando a alta domesticidade dos homicídios de mulheres.

Fonte: Meio Norte