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Surgiu no Facebook um novo fenômeno. Um estudante de publicidade de 19 anos que vive em São Paulo, mas que não quer ver seu nome revelado, criou uma página chamada Gina Indelicada. Aos internautas que enviam perguntas das mais variadas naturezas, ele responde de um jeito mal humorado, às vezes engraçado, às vezes grosseiro. Virou um sucesso, com mais de 1,1 milhão de seguidores. Mas, em breve, ele pode ter que tirar a fan page do ar.

O diretor-presidente da Rela Gina, Luiz Carlos Rela, foi surpreendido ao voltar de viagem e descobrir que a marca de seu produto estava sendo usada na internet. “Sinceramente, acabei de chegar, todo mundo veio falar comigo, mas não sei direito o que se passa. Ele não pediu autorização para ninguém da empresa. Vamos ter que acionar o departamento jurídico para ver o que será feito”, diz.

Nesta sexta-feira (24), está marcada uma reunião entre os principais executivos da Gina para debater o que será feito em relação ao caso. “Evidentemente, estão usando a nossa marca, que é patenteada, até com fins comerciais. Nós temos visto até camisetas sendo vendidas com a nossa marca. Faremos uma reunião com nosso pessoal, com o jurídico, para sabermos o que fazer, porque é uma coisa muito nova para nós”, afirma Alfredo Rela Neto, presidente do conselho da companhia, que também foi pego de surpresa.

A princípio, nenhuma decisão será tomada antes da reunião de amanhã, e a empresa quer adotar uma postura amistosa com o criador da página no Facebook. De acordo com o presidente do conselho, já foram enviadas mensagens para o estudante de publicidade para que ambas as partes possam se encontrar para conversar. Porém, nenhuma delas foi respondida. O rapaz também foi procurado pela reportagem para comentar a criação da página, mas não respondeu ao e-mail deixado até o fechamento deste texto.

O uso da marca da Gina em uma página no Facebook, sem a devida autorização e para fins comerciais, é irregular. Além das camisetas citadas por Rela Neto, em entrevistas concedidas a diferentes veículos da imprensa, o criador afirmou que está aberto a receber dinheiro para fazer posts patrocinados. “Nenhuma pessoa pode usar comercialmente uma marca que não lhe pertence”, diz o advogado Eduardo Carlezzo. Mesmo sem ganho financeiro, caso seja decidido que a ideia causou danos à marca, o rapaz pode ser obrigado a indenizar a Gina.

Viral prejudica a marca?

                                               

A proposta do criador da Gina Indelicada é responder perguntas de modo mal humorado. E o público adorou. A fan page foi criada em 14 de agosto e chegou, em pouco mais de uma semana, a mais de 1,1 milhão de seguidores. Ao todo, o Facebook aponta que 1,8 milhão de pessoas estão comentando a respeito, uma marca que nem mesmo as empresas que obtêm os melhores resultados na internet conseguem.

O Burger King, por exemplo, fez promoção para festejar o primeiro milhão de seguidores na sua página do Facebook. Montou uma mega operação para distribuir um milhão de lanches quando bateu a marca em 4 de agosto deste ano. Mas a rede de fast food estreou na rede social em 11 de maio do ano passado, ou seja, levou mais de um ano para conseguir o que a afiada Gina Indelicada chegou em uma semana.

Qual é, no entanto, o efeito que tem uma iniciativa como esta sobre a marca? Respostas ásperas, ainda que engraçadas, podem ofender. Um internauta que perguntou se Gina assistia à novela Carrossel, por exemplo, recebeu como resposta: “não, mas as aulas de português eu assisti todas. Você deveria fazer o mesmo”.

“O efeito na marca é muito pequeno. Poderia ser percebido em longo prazo, a menos que fosse muito mais catastrófico, uma mancha de óleo muito maior, mas não deve ser o caso. O impacto na gôndola é muito pequeno, para não falar zero. Mas, como pesquisador, não vejo com bons olhos. Apropriar-se da reputação de uma marca para ser visto e ouvido pelos outros é um tanto quanto inadequado”, afirma Marcos Hiller, especialista em branding.

 

Fonte: MeioNorte.com