GINÁSIO PARNAIBANO

Alcenor Candeira Filho

     O Ginásio Parnaibano foi fundado e instalado no prédio da av. Presidente Vargas em 11.06.1927 por um grupo de professores, empresários e políticos, dentre os quais José Narciso da Rocha Filho, José Pires de Lima Rebelo, Luís Galhanoni, Monsenhor Roberto Lopes, Antônio Godofredo de Miranda, Mirocles de Campos Veras, Constantino Correia.

     Numa das dependências do ginásio funcionava a Escola Normal de Parnaíba, também estadualizada em 1959, passando a ter sede própria no Bairro Nova Parnaíba e a ostentar o nome de Escola Normal Francisco Correia.

 

   Segundo a Wikipédia, o educandário “teve por objetivo inicial oferecer à juventude parnaibana, principalmente a masculina, o ensino secundário preparatório para cursos superiores” , oferecendo as seguintes disciplinas: Português, Matemática, Latim, Inglês, Francês, Geografia, História da Civilização e do Brasil, Ciências e História Natural, Cosmografia, Filosofia, Química, Física , Música e Trabalhos Manuais

     Quando ingressei no colégio em 1959 somente Filosofia e Cosmografia não constavam mais da grade curricular. No ano seguinte saiu o Latim. No curso científico foi criada a cadeira de Literatura Brasileira e como matérias facultativas Educação Moral e Cívica (depois OSPB-Organização Social e Política do Brasil) e Religião.

     Referindo-se ao  período em que estudou no Ginásio Parnaibano, a partir de 1928,  Renato Castelo Branco lembra no livro de memórias “Tomei um Ita no Norte” que desse estabelecimento de ensino, onde pontificaram os professores Edson da Paz Cunha, José Pires de Lima Rebelo, João Batista Campos, Euclides de Miranda, Alfredo Amstein,  José de Sousa Brandão, João Orlando de Moraes Correia e outros,  –  “saíram o Ministro de Estado João Paulo dos Reis Velloso ,  os Governadores  Chagas Rodrigues e Alberto Silva,  o Vice-Governador do Rio Grande do Norte e Prefeito de Natal,   Almirante Tertius César de Lima Rebelo…” A lista é grande e abrange escritores, médicos, engenheiros, advogados, militares, economistas, embaixadores e políticos que se destacaram no cenário nacional.

 

     O Ginásio Parnaibano foi transformado em escola pública estadual em 1959, no primeiro ano do governo Chagas Rodrigues, com o nome de Colégio Estadual Lima Rebelo.

 

      Fiz todo o curso ginasial e científico nesse colégio, entre 1959 e 1965, tendo sido aluno de José Rodrigues de Melo e Silva, Edmée Rego Pires de Castro, Augusto Bauer, José de Lima Couto, Maria da Penha Fonte e Silva, Maria Celeste de Jesus, Santinha, Francisco Pessoa (Baiano), Clóvis Ximenes, Plautila Lopes, José Nelson de Carvalho , Ozias Furtado, Francisca Basto, Leônidas de Castro Melo Sobrinho,  José Caldas Passos, Eduardo Lopes e Alexandre Alves de Oliveira.

 

     Alguns colegas de ginásio: Roberto Broder, Paulo de Tarso Mendes de Sousa, Vítor de Athayde Couto,, Evandro Correia, Eusébio Costa Athayde, Antônio José de Castro Sousa (Beré), José Carlos de Carvalho Veiga, Alberto Teixeira, Francisco das Chagas (Chaguinha), Paulo Meneses, José Maria Cruz, Mário Pirs Santana, Clóvis Leite;  de curso científico: Nícia Trindade, Gilda Ribeiro, José Mendes Mourão Filho, Florêncio, Francisco Zeidan, Maria Lúcia Cunha.

 

     Nas festividades do Dia 7 de Setembro as principais escolas da cidade (Colégio Estadual Lima Rebelo, Instituto São Luís Gonzaga,  Colégio Nossa Senhora das Graças e Escola Técnica União Caixeiral) vestiam  a roupa de gala e caprichavam no desfile ao longo da av. Presidente Vargas. Havia entre os estudantes grande rivalidade. Quem se apresentou melhor? Qual a melhor bateria?

 

      O Colégio Estadual adotava duas fardas: a do dia a dia com calça e túnica cáqui e a de gala com calça e túnica brancas.

 

     Quase todas as pessoas  citadas neste trabalho  –  professores e alunos  –  figuraram nos quadros de conclusão de curso artisticamente trabalhados pelo Sr. Barreto e que ficavam expostos em paredes de salas e corredores. Na época da mudança do Colégio Estadual Lima Rebelo para a sede atual, esse precioso acervo histórico  –  memória viva e verdadeira do estabelecimento  –  desapareceu misteriosamente. Não sei se o Instituto São Luís Gonzaga, atual Colégio Diocesano, e o Colégio Nossa Senhora das Graças ainda conservam seus velhos quadros de formatura.

 

       Cabe aqui uma palavra de reconhecimento ao presidente da Federação do Comércio do Estado do Piauí, dr, Valdeci Cavalcante, que ao restaurar o majestoso prédio da Escola Técnica União Caixeiral, nele implantando o Centro Cultural João Paulo dos Reis Velloso, teve a sensibilidade de recuperar os quadros de formatura, mantendo-os em paredes do estabelecimento. Pode parecer pouco, mas para mim representa muito: graças à preservação desse acervo, revejo de quando em vez o quadro da turma de  1954 de que meu pai fez parte e me envaideço ao me ver, entre os professores homenageados, em quadros do  período  de 1972  a 1976.

 

       Em fins dos anos 60, o Colégio Estadual Lima Rebelo ganhou nova sede na av. Cel.Lucas Correia, passando o prédio da av. Presidente Vargas a abrigar o Grupo Escolar Miranda Osório.

 

     Nos anos 90 o governador Mão Santa instalou no velho prédio a Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Piauí – UESPI.

 

     Depois de alguns anos de abandono, o majestoso prédio foi restaurado pelo SESC-PI e a partir de 14.08.2019  tornou-se sede da Escola Militar Jair Bolsonaro.

 

       A opção pela denominação tem sido criticada em redes sociais. Muitos acham que a honraria deveria recair em Miranda Osório (José Francisco de Miranda Osório), militar ,  político  e  um dos heróis das  lutas pela independência do Brasil no Piauí, com destemida atuação em vários movimentos libertários, destacando-se o de outubro de 1822 em Parnaíba, o da Batalha do Jenipapo em Campo Maior e o da Balaiada. Ainda que Miranda Osório não fosse mais merecedor da homenagem que o  presidente da República, o que só é admissível para efeito de argumento, seria no mínimo menos polêmico.