José Dirceu

O desgaste em razão da contratação do ex-ministro José Dirceu por um salário de R$ 20 mil está longe de ser o único problema do Hotel Saint Peter, em Brasília. Uma briga ferrenha entre os donos do imóvel levou um deles – Paulo Cézar Naya, irmão do deputado falecido Sérgio Naya – a mover na Justiça uma ação de despejo do hotel. O pedido de despejo foi feito em julho e, pouco tempo depois, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal barrou o andamento da ação até análise definitiva de um recurso. Na semana passada, a 5ª Turma Cível do tribunal decidiu dar continuidade à ação, o que representou uma derrota para Paulo Masci de Abreu, o dono do hotel que contratou Dirceu. O réu já desistiu do emprego.

A ação de despejo foi motivada pela falta de pagamento dos reajustes do aluguel e por “descumprimento de cláusulas contratuais”. Paulo Naya é o locador. Paulo Abreu, com o Saint Peter, o inquilino. A divergência vai além. O autor da ação de despejo não concorda com a hospedagem de graça de políticos no hotel. Um dos beneficiados com a política de Paulo Abreu foi o ex-presidente Lula. O petista esteve em Brasília nos dias 29 de outubro, para uma homenagem no Senado, e 30, quando participou da comemoração dos dez anos do Bolsa Família. Ficou no Saint Peter entre 28 e 30. O GLOBO procurou o Instituto Lula para saber se as duas diárias foram pagas. “Estamos aguardando a emissão das faturas”, disse a assessoria de imprensa do instituto.

Paulo Naya e Paulo Abreu eram parceiros afinados até há bem pouco tempo. O primeiro comprou o imóvel, que já pertenceu a Sérgio Naya, por R$ 7,4 milhões em 2006. Vendeu 60% ao segundo no ano seguinte e, em 2009, assinou um contrato de locação, pelo qual recebia R$ 111 mil brutos. Por não ter recebido os reajustes acertados em contrato, como alega no processo, Paulo Naya moveu a ação de despejo. Desde então, os pagamentos do aluguel estão sendo feitos por via judicial. O GLOBO procurou os advogados das duas partes, mas eles não deram retorno à reportagem.

 Fonte: O Globo