Sessão do julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Roussefff (Foto: Pedro França - Agência Senado)
Sessão do julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Roussefff (Foto: Pedro França – Agência Senado)

O que era para ser um julgamento em um único ato foi transformado numa peça teatral de dois atos. O primeiro judicial e o segundo político – à moda brasileira.

De início a Constituição Federal sendo respeitada; no último os julgadores rasgaram a Carta Magna e abriram espaço, diga-se Ministro Lewandowsky, para um Regimento Interno – que deveria ter sido elaborado, sem contrariar a Lei Maior.

Quando, ao assistir o julgamento, vi o recuo do Presidente do Supremo, conclui de imediato: o processo foi fraldado.

Amigos, como pode um Ministro da Suprema Corte conhecedor e guardião mor da nossa Lei Magna, se furtar dos seus conhecimentos jurídicos, despir-se da toga de magistrado e enveredar numa atitude política mesquinha?

Quem irá tentar nos convencer de que tuto, tudo mesmo não fora adrede e capciosamente agendado?

Nunca se sabe o que acontece nos bastidores políticos quando os interesses de poucos se sobrepõe aos direitos de todos.

Foi o que ficou evidenciado quando do pretenso julgamento da Presidente que cometeu crime de responsabilidade.

No segundo ato encenado na dita “peça teatral” o ator Rennan Calheiros, surge como protagonista de uma das maiores aberrações da república brasileira ao tomar para si o direito de iniciar a votação verbal declarando seu voto – a senha que seria dada no momento oportuno – para alertar seus seguidores de votos e de interesses escusos.

A peça teatral estava, pois com seu epílogo sacramentado antes mesmo do seu final.

O que era para ser um julgamento exemplar chegava ao seu cume como mais um fiasco da frágil democracia brasileira, cujos detentores de mandatos eletivos não a sabem cultivar e valorizar.

Por Renato Santos