O Inmetro publicou nesta quarta-feira uma portaria que prevê a mudança, a partir de junho de 2022, da classificação de eficiência energética das geladeiras no país e cria, a partir de junho de 2022, três categorias novas nas etiquetas desses produtos.

 

As mudanças ocorrem em meio a uma crise hídrica que tem afetado o preço da energia elétrica no país. Elas alteram o chamado Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Inmetro, que ganhou popularidade com o racionamento de energia de 2001 e hoje é criticado por especialistas como defasado.

 

Hoje, por exemplo, todas as geladeiras novas vendidas no país estão classificadas como A, a categoria de maior eficiência.

 

As novas regras de classificação cocorrerão em três etapas. Na primeira delas, implementada em junho de 2022, serão criadas as subclasses A+, A++ e A+++, que representam ganhos de eficiência de consumo de energia de respectivamente 10%, 20% e 30%.

 

Hoje, apenas 5% das geladeiras vendidas no país atenderiam aos critérios para estarem na classe A+++, de acordo com a Associação nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), que elogia o novo padrão.

 

Quem optar por comprar, a partir de junho de 2022, um equipamento A+++ de duas portas com degelo automático (o chamado frost free) de volume interno útil na casa dos 350 litros, modelo que corresponde atualmente a cerca de 80% do mercado, vai economizar aproximadamente 13 kWh mensais. A economia, segundo a Eletros, seria em média de R$ 10,14 por mês. O cálculo considera tarifa de R$ 0,78 por kWh.

 

A partir de janeiro de 2026, no entanto, essas três novas subclasses vão desaparecer e darão lugar à reclassificação dos selos, que voltarão a ir de A a F, mas com padrões mais exigentes baseados em recomendações das Nações Unidas para o tema.

 

— Nossos produtos terão de apresentar redução de 40% do consumo de energia para permanecer na subclasse A nessa segunda fase — explica Jorge Nascimento, presidente da Eletros.

 

As geladeiras, responsáveis por 30% do gasto com energia no Brasil, só alcançarão em 2026 o padrão de eficiência que é exigido nos Estados Unidos desde 2014.

 

O Inmetro tem dito que uma reclassificação dos aparelhos para abaixo da classe A antes de 2026 poderia levar à perda de incentivo tributário aos fabricantes e ao consequente aumento de preço para o consumidor.

 

A terceira fase da norma começaria em 2031, e elevaria os padrões de eficiência a níveis que podem superar os praticados pela União Europeia. Nessa etapa, todos os refrigeradores comercializados no Brasil devem se adequar à Classe Tropical, a mais rigorosa. Esse tipo de refrigerador deve ser capaz de manter no congelador uma temperatura de -18 °C em meio a um ambiente externo de 43 ºC.

 

Considerando uma curva de adoção em que em 2035 cerca de 80% das geladeiras do mercado sejam as mais eficientes, o Inmetro e a Eletros estimam uma economia na conta de luz de R$ 32,5 bilhões.

 

Para Nascimento, o ritmo gradativo das mudanças é importante para que o mercado possa se adaptar sem encarecer os produtos com consumo mais eficiente de energia.

 

— Hoje, só 5% das geladeiras seriam A+++, o que mostra o quão exigente é o salto que estamos dando, estamos nos comprometendo com isso. É algo interessante porque estamos às portas de uma crise hídrica e as geladeiras não são desligadas — afirma o executivo.

 

De acordo com ele, países que fizeram mudanças mais abruptas nas classificações, como a Argentina e a Índia, tiveram problemas.

 

— Nesses mercados, onde o processo de mudança foi rápido, a classe A (de geladeiras mais eficientes) se esvaziou, porque o produto é caro. Essa modificação gradativa (feita no Brasil) garantirá um produto mais acessível ao consumidor — opina ele.

 

Fonte: Extra