As regiões Norte e Nordeste têm os maiores percentuais do país de trabalhadores inseguros quanto a manutenção do emprego e da renda. A conclusão é de uma pesquisa divulgada pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).

Nas duas regiões, mais da metade dos trabalhadores entrevistados respondeu que considerava provável ou muito provável a perda do principal emprego ou da fonte de renda no período dos 12 meses seguintes.

Essa fatia foi de 55,2% no Norte e de 50,2% no Nordeste. São as duas únicas regiões em que a proporção de inseguros ultrapassou os 50%.

“Esse resultado pode ter ligação com dois fatores muito importantes: são regiões onde a renda média é mais baixa, o que naturalmente já adiciona incerteza; e onde se encontram os maiores percentuais de trabalhadores em atividades informais, normalmente associadas a ocupações com menor estabilidade e maior risco”, afirmou o FGV Ibre.

De acordo com a pesquisa, a menor fatia de profissionais inseguros quanto à manutenção do emprego e da renda foi registrada no Sul (33,1%). Sudeste (37,9%) e Centro-Oeste (38,5%) completam a lista. Em termos gerais, o percentual de insegurança foi de 41,3% no Brasil.

O Sul teve a maior proporção de trabalhadores que consideravam a perda do principal emprego ou da fonte de renda muito improvável ou improvável: 66,9%.

Na sequência, vieram Sudeste (62,1%), Centro-Oeste (61,5%), Nordeste (49,8%) e Norte (44,8%). No Brasil, esse percentual foi de 58,7%.

Os dados integram a Sondagem do Mercado de Trabalho. A publicação do FGV Ibre reúne estatísticas apuradas em diferentes meses do segundo semestre de 2022.

No caso do indicador que mede a probabilidade de perda de emprego ou renda, a coleta das estatísticas ocorreu em outubro.

A novidade desta edição é a separação dos resultados por grandes regiões. O lançamento da nova pesquisa ocorre nesta quarta em um evento em Fortaleza.

Dificuldade para sustento por mais de três meses, segundo o estudo, em caso de perda da principal fonte de emprego ou renda, somente 22,5% dos trabalhadores ocupados do Norte e 26,6% do Nordeste conseguiriam se sustentar por mais de três meses.

No Sudeste, esse percentual chegou a 38,8%, seguido por Centro-Oeste (33,7%) e Sul (31,7%).

No Brasil, a proporção de ocupados com condições de sustento por mais de três meses, em caso de perda do emprego, foi de 33,5%.

Outro dado da sondagem, apurado em agosto, mostrou que 83,5% dos trabalhadores do Sul estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com o próprio trabalho.

É o maior nível de satisfação da pesquisa, seguido pelo percentual do Nordeste (77,5%). A média brasileira foi de 72,2%.

A pesquisa também questionou os entrevistados, ocupados com trabalho ou não, sobre o bem-estar geral com a vida em geral. A região Nordeste registrou o maior grau de satisfação, de 7,6 pontos, acima da média nacional (7,2 pontos).

“Sendo uma região com grande insegurança de renda e com alguma insatisfação em questões trabalhistas importantes, o resultado sugere que a percepção subjetiva de bem-estar na região é determinada por outros fatores. Apesar da diferença entre as regiões, todas ficaram com notas médias próximas de 7 pontos”, disse o FGV Ibre.

Fonte: Folhapress