123 – LIGAÇÃO DO RIO TOCANTINS AO RIO PARNAÍBA
Lauro A. Correia
Engenheiro Industrial – UFMG
Prefeito Parnaíba – 1963/1966
Presidente FIEPI – 1974/1982
Professor Emérito – UFPI
Esclareço aos meus leitores e amigos que este Artigo 123 é uma continuação do Artigo 122, no qual foi iniciada a exposição sobre as ligações de 3 importantes rios brasileiros – São Francisco – Parnaíba – Tocantins.
Encontrei, em meu arquivo particular, na parte relativa ao Estado do Piauí, um importante documento de minha autoria, com o mesmo título deste artigo 123, conservado e perfeitamente legível, datado de 15/09/1983, reportando-se a dois EVENTOS NOTÁVEIS acontecidos em nossa cidade, a saber:
– SEMINÁRIO NACIONAL SORE A NAVEGABILIDADE DO RIO PARNAÍBA, presidido pelo Presidente da Federação das Indústrias do Piauí, dias 15,16 e 17 de Abril de 1982.
– Reunião do Conselho Deliberativo da Sudene, em Parnaíba, dia 30 de Setembro de 1983.
1ª Parte do Citado Documento
Ligação do Rio Tocantins ao Rio Parnaíba
Trabalho de autoria de Lauro Correia, tendo em vista a realização da Reunião do Conselho Deliberativo da SUDENE, dia 30 de Setembro de 1983, na cidade da Parnaíba, Estado do Piauí.
I – ORIGEM E OBJETIVOS
Sabemos e inúmeras vezes, em duas décadas, temos afirmado que “A redenção econômico-social do Estado do Piauí está no aproveitamento múltiplo do Rio Parnaíba, e, quase exclusivamente, na construção da Barragem de Boa Esperança e do Poro Marítimo de Luiz Correia” (Lauro Correia, 1960).
Sabemos, outrossim, que o aproveitamento múltiplo do Rio Parnaíba inclui a restauração de sua navegabilidade, além da barragem, do reservatório de água, da energia hidroelétrica, da pesca, da irrigação, das eclusas, dos portos fluviais e do porto marítimo de Luiz Correia.
No diagrama anexo, Doc. 04, sob o título “NOVO PIAUÍ”, estão discriminadas as obras, as utilizações e os objetivos ligados ao aproveitamento múltiplo do Rio Parnaíba.
No setor das obras, observamos que duas delas – Barragem de Boa Esperança e Usina Marechal Castelo Branco – foram iniciadas e concluídas; duas delas – Eclusas e Porto Marítimo de Luiz Correia – foram iniciadas e ainda não concluídas; uma quinta obra – Ligação do Rio Tocantins ao Rio Parnaíba – é a tese central do presente trabalho.
Convém ressaltar que o reinício, neste mês de Setembro, antes da reunião da SUDENE, da construção do Porto Marítimo de Luiz Correia, incluindo as obras finais de cais de 400 metros e armazém, representa um fato altamente significativo, concorrendo para tornar mais marcante a histórica reunião.
Entendemos que as economias mundial e brasileira atravessam uma crise das mais graves de todos os tempos, tendo como um dos principais fatores o elevado preço do petróleo, resultante da diminuição, em escala progressiva, das reservas mundiais existentes, onerando violentamente os custos dos transportes rodoviários.
Entendemos, também, que o transporte fluvial é muitíssimo econômico, comparativamente aos transportes rodoviário e ferroviário, e exemplificamos citando a abertura de canal, com extensão de 200 quilômetros, ligando o porto de Hanover a Berlim, na Alemanha, e causando a substituição de transporte ferroviário por transporte fluvial.
A perenização dos rios secos do Nordeste se constitui em importante programa do Ministério do Interior, graças ao dinamismo do eminente Ministro MÁRIO ANDREAZA, com base na ligação ou transposição de água do Rio São Francisco aos rios secos do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.
Inspirados nesse trabalho, levantamos a tese da navegação de rios perenes do Nordeste, dentre eles o Rio Parnaíba, com 1.400 km de curso, proposição essa que encaminhamos ao então Governador do Estado do Piauí – Dr. Lucídio Portella, o qual a aceitou e transmitiu ao Ministro Mário Andreaza, consubstanciado na ligação do Rio Tocantins ao Rio Parnaíba, através do Rio das Balsas.
A industrialização integral do Babaçu, com resultante produção de carvão vegetal sucedâneo do coque siderúrgico, que o Governo do Piauí e a Secretaria da Indústria, com o apoio do IPT de São Paulo e do Ministério das Minas e Energia, realiza em caráter simi-industrial em nossa Teresina, como usina primeira e pioneira a outras que deverão surgir, está a comprovar a necessidade da urgente restauração da navegação no Rio Parnaíba, para o escoamento do carvão do Babaçu e / ou para o coco inteiro do Babaçu.
Não adianta produzir carvão do Babaçu, e tentar transportá-lo por via rodoviária, queimando derivados de petróleo, para outras regiões do País, pois o produto tornar-se-á antieconômico.
Lembramos a abertura de canal de 200 km na Alemanha, para o transporte fluvial de carvão, visando o abastecimento de Berlim.
Entre os objetivos da ligação do Rio Tocantins ao Rio Parnaíba, citamos:
a) – Energia Elétrica – Maior reforço d’água no Reservatório d’água de Boa Esperança, com reflexo na geração de energia hidroelétrica;
b) – Irrigação – Maior volume d’água no leito do Rio Parnaíba significará mais irrigação, e maiores e melhores possibilidades;
c) – Navegação – Maior cota d’água no Rio Parnaíba representará navegação com maiores e melhores possibilidades;
d) – Rio Parnaíba – Maior volume d’água proporcionará a regularização do curso do rio, evitando-se as derrubadas dos barrancos e as formações de coroas;
e) – Sul do Maranhão – A ligação dos dois rios – Tocantins e Parnaíba – através de afluentes e do próprio Rio das Balsas, beneficiará extensa área do Sul do Maranhão, abrangendo grande parte do vale do Rio das Balsas.
II – APROVAÇÃO DA TESE
A tese da ligação do Rio Tocantins ao Rio Parnaíba, através de afluente do Rio das Balsas, com construção e um canal com extensão aproximada de apenas cem quilômetros, foi apresentada ao Seminário sobre a Navegabilidade do Rio Parnaíba, realizado na cidade de Parnaíba, Piauí, nos dias 15, 16, e 17 de Abril de 1982. Vide o Doc. 01, folha 6.
O Seminário de Navegabilidade apresentou duas características essenciais:
a) – Foi um conclave eminentemente técnico, com trabalhos apresentados sobre o tema principal, direta ou indiretamente, abrangendo exposições e debates, com duração aproximada de duas horas, para cada umas das 13 instituições participantes:
b) – Foi um simpósio a nível nacional, pois dele participaram competentes técnicos, representando dois Governos Estaduais – Piauí e São Paulo e cinco Ministérios da República – Educação, Transportes, Marinha, Interior, Minas e Energia.
Os técnicos participantes vieram de 9 Estados Brasileiros, a saber: Piauí, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.
As 13 instituições, com os nomes dos seus representantes participantes, são as seguintes:
A – INDÚSTRIAS
01 – FIEPI – Federação das Indústrias do Estado do Piauí
Lauro Andrade Correia
José João Siqueira
02 – CNI – Confederação Nacional da Indústria
Milton Fett
Luiz Correa Freyesleben
B – GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
03 – SEPLAN – Secretaria do Planejamento
Hélio Matos
04 – SIC – Secretaria da Indústria e Comércio
José Maria Gonçalves Viana
C – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
05 – UFPI – Universidade Federal d o Piauí
Edson Gayoso Castelo Branco Barbosa
Gabriel Baptista
06 – UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
Robson Sarmento
D – MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES
07 – PORTOBRÁS – Empresa de Portos do Brasil S/A.
Iza Rondon Lima Verde
Paulo Robet Godoy
Maria Alice Bule
Júlio Rabelo dos Santos
08 – SUNAMAM – Superintendência da Marinha Mercante
Alm. Alberto Nogueira de Sousa
E – MINISTÉRIO DA MARINHA
09 – Capitania dos Portos do Estado do Piauí
Cap. Alcides Bela Cruz de Barros
F – MINISTÉRIO DO INTERIOR
10 – SUDENTE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
Leonides Alves da Silva
Jorge do Carmo Ramos
G – MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA
11 – CHESF – Companhia Hidroelétrica do São Francisco
Milton Hora
Hildeberto de Lacerda
Cláudio Teixeira Brandt
Marcelo José Omena Lins
Valdomiro Miranda
H – GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
12 – IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológicas
José Antônio Cristóvão Balau
13 – Secretaria de Transportes
Antônio B. Chehim
A tese sobre a ligação do Rio Tocantins ao Rio Parnaíba foi debatida, unanimemente aprovada, e inserida entre as Recomendações finais do conclave, como se lê no citado Doc. 01:
“ Recomendação nº 16 – LIGAÇÃO DO RIO TOCANTINS AO RIO PARNAÍBA – Levar ao Governo Federal a proposta da Federação das Indústrias do Estado do Piauí, anteriormente aceita e encaminhada pelo Governador Lucídio Portella Nunes ao Exmº Sr. Ministro MÁRIO ANREAZZA, da ligação do Rio Tocantins ao Rio Parnaíba, a partir da cidade de Carolina, através de afluentes do Rio das Balsas, a montante do Reservatório de Boa Esperança, com a construção de um canal com extensão aproximada de apenas cem quilômetros.
A 2ª Parte deste documento será apresentado no artigo 124.
Parnaíba, 19 de Dezembro de 2017
173ª da Cidade e 255º da Vila
Lauro A. Correia
LAC/SNC