MORRER É…

 

Vitor de Athayde Couto

 

“Da morte não se chegou a falar.”

(Longfellow)

 

Ou não?

Então, o que é morrer?

Nunca se falou tanto sobre a morte. Nunca se falou tanto sobre Deus e deuses. Da vida após a morte, e das receitas de bolo dos “deuses”. Quantos chefs, sommeliers e coaches de deuses existem por aí, cagando regras nas cozinhas contemporâneas, tão equipadas quanto desinsetizadas com venenos mortais.

“Deus já traçou o teu caminho”, “Deus sabe tudo da tua vida”, “Não te preocupes, olha as aves nos céus, elas não semeiam mas, no fim de cada mês, todos os seus boletos são pagos”… Boletos de alpiste, painço, até mesmo de sementes transgênicas cobertas de glifosato.

Ou não?

Então, o que é morrer?

Morrer é…

Bem, eu já devia saber, pois nunca vi morrer tanta gente.

Por quê?

Muitas guerras? Não…

Cresceu a população descontroladamente? Não…

Aumentaram as doenças? Não…

Então?

Então, é que muitas pessoas morrem apenas porque eu fiquei velho.

Então, o que é morrer?

Morrer é ser cancelado da lista de contatos do celular. Simples assim.

 

COMENTÁRIO: Escrever sobre a morte é um grande desafio. Por melhor que se escreva, não passa de um quase nada, diante desse evento maior que Deus nos proporcionou. Evento exuberante, engrandecido pela Santa Ressurreição. Só ousei porque, enquanto escrevia minhas imperfeições mortais, ouvia a Perfeição que o Santo Espírito atribuiu ao gênio imortal: Mozart (ouça aqui).

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Ouça o áudio com a narração do autor:

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