Vendas fracas. Antoninho Luiz Lencioni, dono da indústria Só Natal, contratou apenas dois temporários este ano - pedrokirilos / Pedro Kirilos Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/numero-de-temporarios-cai-ao-menor-nivel-desde-2006-20299645#ixzz4NLB858Iy © 1996 - 2016. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
Vendas fracas. Antoninho Luiz Lencioni, dono da indústria Só Natal, contratou apenas dois temporários este ano

Contratação de fim de ano é a menor desde 2006 e 3% inferior à registrada em 2015.

O Natal deste ano deve gerar a contratação de 101 mil empregados temporários em todo o país. O número é o menor já registrado desde 2006 e 3% inferior ao de 2015. Os dados são de levantamento feito pela Federação Nacional das Empresas de Terceirização e de Trabalho Temporário (Fenaserhtt). O motivo da retração é a falta de confiança na demanda. Uma outra pesquisa sobre contratação de temporários feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), comprova: três em cada dez empresários (31,4%) acreditam que as vendas serão piores do que no ano passado.

O empresário Antoninho Luiz Lencioni, dono da indústria Só Natal, que fabrica enfeites natalinos desde 1976, diz que o ritmo de pedidos deste ano foi tão lento que ele contratou só dois temporários, contra a média de 20 dos últimos anos. A indústria tem 40 funcionários fixos na linha de produção.

— Historicamente, entramos outubro já com os pedidos fechados. Este ano as coisas estão muito fracas e não dá para contratar pessoal sem a garantia de ter boa demanda — afirmou.

Para Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, o retrato vivido por Lencioni é similar ao da maioria dos empresários. Segundo a economista, este é um momento de cautela em que não há a possibilidade de se correr o risco de contratar pessoas extras sem a garantia do aumento da demanda.

— O empresário não tem dinheiro para jogar fora e não pode desperdiçar recurso com uma contratação que não trará resultados efetivos. Então, neste Natal a opção tem sido trabalhar com a equipe fixa, por exemplo, aumentando a jornada se necessário, em vez de contratar uma pessoa a mais — explicou Marcela.

Apesar da retração de 3% no número total de contratados, Vander Morales, presidente da Fenaserhtt, salienta que a variação é pequena e, diante da conjuntura econômica ruim enfrentada pelos empresários ao longo do ano, o número é relativamente bom. Ainda de acordo com a pesquisa do SPC e da CNDL, 22,9% dos empresários estão otimistas com as vendas deste Natal, enquanto 35,6% acreditam que o volume vendido será o mesmo do ano passado.

A varejista Di Santinni, que vende sapatos com preços que vão de R$ 20 a R$ 200, aposta que o período natalino trará certo alento para os resultados ruins enfrentados desde o ano passado. Joel Cardoso Guimarães, gerente de RH da empresa, conta que está com 1008 vagas de vendedores, estoquistas e caixas abertas. O número é 6% inferior ao do ano passado.

— A oferta de trabalhador é impressionante. Está muito fácil contratar até pessoas com experiência — contou Guimarães.

EXPECTATIVA DE 5 MIL EFETIVAÇÕES

Segundo Morales, da Fenaserhtt, é justamente por essa grande oferta de trabalhadores com experiência que a Federação acredita que cerca de cinco mil dos 101 mil temporários poderão ser efetivados. Ele disse ainda que a indústria já iniciou suas contratações. O comércio, por sua vez, começará em meados de novembro, como de costume. De acordo com a pesquisa da Fenaserhtt, o setor industrial deve absorver 56,6 mil trabalhadores (56% do total), serviços 10,1 mil (10%) e o comércio, 34,3 mil (34%).

— Novembro vai concentrar a maior incidência de contratações, principalmente nos segmentos de eletrônicos, vestuário e acessórios. E mesmo com a oscilação negativa de contratações, os salários podem apresentar uma variação positiva de 9,5% para o comércio e de 7,5% para a indústria — frisou Morales.

Conforme aponta o levantamento, a maioria das vagas (78%) deve ser preenchida por homens; candidatos entre 22 e 35 anos são os mais procurados; e o ensino médio completo é exigência em 65% das empresas. O período dos contratos temporários deve oscilar entre 61 e 90 dias, de acordo com o declarado por 57% empresas durante o levantamento. A remuneração média, ainda segundo o estudo da Federação, vai ficar entre R$ 1,1 mil e R$ 1,4 mil.

— Esse alto volume de vagas destinada para quem tem o ensino médio completo é a primeira vez que vemos. Isso ocorre porque há uma oferta grande na mão de obra, possibilitando ao contratante ser mais exigente — explicou Morales.

Fonte: OGlobo