Pelo menos 30 mulheres foram estupradas pelo vendedor João da Cruz Nascimento, preso na manhã de terça-feira em Teresina por receptação de carro roubado e identificado como estuprador por dezenas de mulheres.
O número de vítimas chama a atenção e continua crescendo na medida em que a imagem do agressor é divulgada na mídia.
O caso, no entanto, não é isolado. No primeiro semestre de 2014, 280 mulheres deram entrada no SAMVVIS – Serviço de Atendimento de Mulheres Vítimas de Violência Sexual, da Maternidade Dona Evangelina Rosa.
Os dados são alarmantes, porém subnotificados e a probabilidade é de que o número de vítimas seja bem maior.
Isso acontece porque além de muitas mulheres terem vergonha de denunciar o abuso sexual, não existe um sistema integrado de informação entre as delegacias e órgãos públicos do Estado.
As vítimas de estupros não têm perfil específico. Dentre as vítimas do suposto estuprador, estavam jovens, mulheres maduras e até mesmo uma idosa.
Uma mulher na zona Norte, que prefere não ser identificada, chegou a ser abordada pelo acusado, mas conseguiu fugir. Ela conta que ele a abordou em cima de uma moto e anunciou assalto.
O inusitado é que ele pediu um beijo para a vítima, com o intuito de disfarçar. Após a abordagem, ele determinou que a vítima seguisse no carro, enquanto ele a seguia. “Foi quando consegui fugir. Fiquei desesperada. Quando vi a foto dele na televisão o reconheci”, diz a vítima ainda assustada.
A ausência de dados concisos preocupa autoridades que atuam no combate à violência contra a mulher. O promotor Francisco de Jesus, da Promotoria da Mulher, alerta que esses dados são de grande importância para ações efetivas de combate à violência.
Hoje pela manhã, o Ministério Público apresenta o Sistema de Base Unificada, onde serão cadastrados todas as ocorrências de violência contra a mulher.
“É impossível contabilizar o número de estupros no Estado do Piauí, pois não há um sistema integrado entre as delegacias, órgãos públicos e entidades. Por isso há uma necessidade de implantação desse sistema”, revela o promotor.
O novo sistema, apresentado esta manhã na Promotoria da Mulher, terá dados coletados desde 2010 de todos os órgão que registram violência contra a mulher e será possível saber em detalhes sobre as ocorrências.
“Através do sistema vamos saber o bairro mais violento para a mulher e fazer um planejamento para reverter essa situação.
Além de detalhes como violência contra determinada faixa etária, cor de pele, local e mais”, explica o promotor Francisco de Jesus.
Fonte: Meio Norte