Banco do Brasil, agência de Parnaíba (Centro). Meados de 2010.

      Nos minutos intermináveis, de momentos imprestáveis, que parecem consumir cada grau de otimismo, me encontro. Obrigado a encarar uma fila dos diabos, achando que nada de bom irá surgir, nesta mais que gelada tarde de terça – feira.

      Não é a toa que me surpreendo, quando, ainda bem longe de acabar o meu martírio, sou convocado a olhar para trás, por uma voz bem familiar:

       – Parabéns, Ciarlini!

     Raras pessoas me chamam pelo sobrenome, e uma destas raridades é Iweltman Mendes! Ser humano que tanto admiro desde que o conheci, em 2000, quando foi meu professor em um curso técnico na Universidade Federal do Piauí (Campus de Parnaíba).

       Lembro bem, que na ocasião, ele ministrou a disciplina de História do Piauí, para deleite da turma, que ficou maravilhada com a facilidade com que ele transmitia o conteúdo, de uma forma envolvente e prazerosa, o que fazia com que nem notássemos o tempo passar.

     Nesta época, eu conheci o Iweltman Professor, que tanto me influenciaria, e ainda me norteia, no modo como ministro minhas aulas, nas mais variadas turmas.

      O tempo passou. Acabei largando o curso técnico, ainda naquele ano, para estudar História na Universidade Estadual Vale do Acaraú em Sobral, inclusive, terra natal do grande professor que havia acabado de conhecer, mas que tanto já admirava.

       Ao término do curso, em 2004, regressei à Parnaíba e resolvi entrar como graduado em Direito na Faculdade Piauiense. Lá, logo no primeiro dia, e para minha surpresa, estava Iweltman, que mais uma vez seria o meu professor, fato que me causou bastante alegria.

     Nos “bastidores”, ou seja, nos intervalos das aulas, conversava bastante com ele, contando histórias de Sobral, e ele, sempre atento, ora ria, ora demonstrava aquele olhar, de quem nunca esqueceu o passado, mesmo estando devidamente em paz com o presente.

      Para nós, alunos da turma de Direito, ele era aquele professor engraçado e sensível, que nos fazia rir com piadas bem encaixadas e com poesia, sempre ao final das aulas. Neste momento da vida, eu pude conhecer melhor o Iweltman Poeta, que havia lançado em 2003 o seu segundo livro de poesias, ou seja, dois anos antes do meu reencontro com ele na FAP.

   Direito, acabei não concluindo… Escolhas da vida! Porém, segui em frente, me especializando na área de História, ao cursar História do Brasil, também pela Faculdade Piauiense, em 2008, quando tive o imenso prazer de novamente ser aluno deste: mestre, poeta e, principalmente a partir desta época, Iweltman Amigo, com quem conversava nos corredores da universidade, nas praças da cidade e até nesta interminável fila de banco, onde para minha felicidade, ele está a me parabenizar, por um texto de minha autoria publicado no Piaguí.

    – Fantástico!  É a palavra que ele utiliza para adjetivar o meu artigo sobre mais um personagem do povo: Foguinho. Assim como também declara, que está sempre a acompanhar o meu trabalho no impresso e que gosta bastante do que lê. “Uma escrita com emoção” ele me diz, enquanto eu, claro, todo contente em ter uma pessoa, com a qual tanto aprendi nestes últimos 10 anos, me rendendo elogios e sentindo orgulho de algo que fiz, num dia em que eu tanto precisava de um milagre.

      Depois de alguns minutos, nos despedimos e prometo que aceitarei o convite dele, de uma visita ao seu sítio, para que possamos conversar melhor, relembrar os velhos tempos e falar de história e poesia… Ele me diz até logo, e eu respondo: até algum dia, meu querido mestre, até algum dia!

Claucio Ciarlini