Alcenor

 

 

 

 

 

l. E S T R U T U R A

narrativa em prosa

via de regra longa

com núcleos dramáticos

múltiplos ou vários.

 

liberdade inteira

de espaço e de tempo

com protagonistas

com antagonistas

e mil peripécias

em curso de enredo.

 

linear relato

ou não-linear

descritiva parte

ou dissertativa…

– o que importa é a arte.

 

COMENTÁRIO

Romance é uma grande narrativa de ficção ou de criação imaginária, surgida a partir de fins do século XVIII e início do XIX.

Segundo Massaud Moisés, em A CRIAÇÃO LITERÁRIA, “o romance é uma visão macroscópica do Universo, em que o escritor procura abarcar o máximo possível com sua intuição. Por isso convergem para ele os resultados das outras formas de conhecimento. A História, a Psicologia, a Filosofia, a Política, a Economia, etc., colaboram permanentemente e de vários modos para essa recriação do mundo.”

A obra de ficção é expressão da imaginação criadora em que predomina a narração, “Correspondendo ao velho instinto humano de contat e ouvir estórias, uma das mais rudimentares e populares formas de entretenimento”, conforme Afrânio Coutinho.

O romance surgiu na Inglaterra com HISTÓRIAS DE TOM JONES (1749), de Henry Fielding.

No século XIX podem ser lembrados como grandes romancistas: Sthendal, Balzac, Dickens, George Eliot, Dostoievski, Tolstoi, Gogol, Eça de Queirós, José de Alencar, Machado de Assis.

Os elementos da ficção correspondem às seguintes indagações que podem ser feitas diante de uma obra desse gênero:

– quem? (personagem)

– o quê ? (o que as personagens fazem, ou o que é feito a elas)

– onde? (o lugar dos fatos)

– quando? (o tempo em que a ação decorre)

– como? (de que modo se desenvolve a ação).

O poema faz alusão às principais características do romance:

– longa narrativa em prosa

– várias células dramáticas

– liberdade de tempo e espaço

– personagens (planas ou redondas)

– enredo (“intriga”, “história”, “assunto”)

Enredo linear: (começo-meio-fim) ou não linear (saltos na sequência da ação):

– cortes = ações subentendidas

– flashback = mistura de presente, passado e futuro

– tempo cronológico ou histórico, que é o tempo do calendário ou do relógio, e o tempo psicológico, que transcorre no interior

de cada ser humano ou de cada personagem.

– pode conter passagens dissertativas (texto opinativo) e descritivas (retratação dos seres, coisas e paisagens).

Sendo o romance sobretudo um monumento estético, o poema “Estrutura” termina com o seguinte verso:

– o que importa é a arte.

de cada ser humano ou de cada personagem

– pode conter passagens dissertativas (texto opinativo) e descritivas (retratação dos seres, coisas e paisagens).

Sendo o romance sobretudo um monumento estético, o poema “Estrutura” termina com os seguintes versos:

– o que importa é a arte.

 

 

2. C L A S S I F I C A Ç Ã O

social

sentimental

passional

científico

político

histórico

erótico…

 

COMENTÁRIO

 

É ampla a lista de tipos de romance. No livro A CRIAÇÃO LITERÁRIA, Massaud Moisés menciona: “linear”, “progressivo”, “vertical”, “analítico”, “psicológico”, “introspectivo”, “de costumes”, “de ação”, “de personagem”, “de drama”, “de espaço”, “de formação”, “de evolução”, “de época”, “de chave”, “de sociedade”, “de terror”, “de tempo cronológico”, “histórico”, “picaresco”, “policial”, “romântico”, “realista”, “moderno”, etc.

O poema “Classificação”, com rimas paralelas consoantes agudas e esdrúxulas, se limita a registrar alguns tipos de romance.

 

 

3. F O C O   N A R R A T I V O

narrador-personagem

narrador onisciente

narrador observador

 

COMENTÁRIO

Foco narrativo é a fala de quem conta o episódio.

O poema alude aos tipos de foco narrativo:

a)            narrador-personagem: quem expõe um episódio de que participou (1ª pessoa)

b)           narrador-onisciente: quem expõe o episódio na condição de sabedor de tudo

c)            narrador-observador: quem expõe um acontecimento do qual não participou diretamente (3ª pessoa).

 

4. P E R S O N A G E M

personagem plana

ou também redonda

com perfil moral

e/ou anatômico.

 

COMENTÁRIO

Existem no romance as personagens principais (protagonistas), secundárias (deuteragonistas) e/ou antagônicas (antagonistas).

As personagens podem ser descritas interiormente (retrato moral) e/ou anatomicamente (retrato físico), classificando-se em:

a)            personagens planas ou bidimensionais: caracterizadas epidermicamente, sem profundidade psicológica ou dramática, pertencendo ao romance de tempom cronológico.

b)           personagens redondas ou tridimensioanais: pertencem sobretudo ao tempo psicológico e têm profundidade, revelando-se por uma série de características, diferentemente das “planas”, identificadas pelo desenvolvimento irregular de uma virtude ou de um defeito.

Notar que o poema se constitui de versos pentassilábicos e rimas alternadas consoantes.

 

 

5. F A L A   E   E S P A Ç O

diálogo direto

discurso indireto

e indireto livre

em espaço físico

ou psicológico.

 

COMENTÁRIO

O poema reporta-se a dois elementos de narrativa: a fala da personagem e o espaço ou local do desenvolvimento da ação.

A fala diz respeito às três modalidades de discurso mencionadas no texto, cada qual com as seguintes características:

a)            discurso direto:

– é a personagem falando

– fala visível da personagem

– uso de verbo dicendi ou de um dos seguintes sinais de pontuação, dois pontos, travessão, aspas

– destaca a personagem

Exemplo: Hoje estudei matemática – disse o aluno.

b)           discurso indireto:

– é o narrador falando pela personagem

– verbo dicendi

– destaca o narrador

– verbo na 3ª pessoa do singular na oração               subordinada substantiva

Exemplo:

– O aluno disse que hoje estudara (tinha estudado) matemática.

c) discurso indireto livre:

– é o narrador reproduzindo o pensamento da

personagem

– ausência de verbo dicendi e de dois pontos, travessão e

aspas

– destaca ao mesmo tempo o narrador e a personagem,

isto é, a linguagem do narrador funde-se com a própria

linguagem espontânea da personagem.

Exemplo:

“O suor umedeceu-lhe as mãos

duras. Então?. Suando com medo de uma

peste que se escondia tremendo?” (Graciliano

Ramos – VIDAS SECAS).

 

 

6. T E M P O   E   D E S F E C H O

tempo cronológico

ou imaginário

com desfecho trágico

ou com fecho cômico.

 

COMENTÁRIO

Poema de versos pentassílabos (redondilha menor) com rimas no esquema a-b-b-a.

O tempo é a época do fato, classificando-se em:

a)            tempo cronológico: tempo do relógio

b)           tempo psicológico: tempo interior das personagens ou do narrador.

O desfecho do romance pode ser triste (trágico) ou alegre (cômico).

 

Por Alcenor Candeira Filho