Ao se sentir desconfortável na presença de alguém ou em algum lugar, onde é sentido um clima de ameaça, as forças são exauridas, sentimos o esgotar das energias, a irritação se apresenta. A raiva é um estado defensivo para reagir. Quem tem essa experiência sofre porque isso consome o vigor devido ao uso inadequado e incompreendido.

Olhar para estas provações com paciência requer não desistir de buscar soluções. Isso é resignação. Do contrário, suportar a raiva, sem nada fazer em favor do bem, traz somatizações que adoecem. Isso é preguiça revoltada. Agredir e agravar a problemática e as pessoas causa ansiedade e tristeza profunda, em seguida. Mais uma vez as energias são esgotadas. A culpa e a vergonha começam a povoar o ambiente mental.

A indignação frente as injustiças, ou situações desconfortáveis e prejudiciais, pode nos convidar a agir para corrigir, mas sem violentar e sim esclarecendo com autoridade zelosa de quem deseja o bem de todos os envolvidos. A raiva é uma emoção que expressa nossa insegurança emocional frente as contrariedades. Ela priva a razão. Raiva e violência são péssimas companheiras. Você há de concordar! Tudo o que nos aproxima da natureza animal, de instinto de sobrevivência e materialismo, nos afasta da espiritual. A raiva deve ter sua força canalizada para o bem, como uma estratégia de motivação para seguir rumo ao objetivo e solucionar.

Joana de Ângelis, na obra Conflitos Existenciais, esclarece que a “a raiva é um sentimento que se exterioriza toda vez que o ego sente-se ferido, liberando esse abominável adversário que destrói a paz do indivíduo. Instala-se inesperadamente, em face de qualquer conflito expresso ou oculto, desferindo golpes violentos de injúria e de agressividade.”

O que te incomoda? Em que momentos vem a raiva? Por favor, não se critique; entretanto, observe-se e identifique suas necessidades. Os nossos sentimentos e emoções dizem quais são. Para isso, afaste-se por um instante do que lhe está causando o furor. Respire! Agora é o momento de se entender e se ajustar frente a consciência e sua necessidade de aprender a amar. O começo destas ações está no autocuidado. Caminhos extremos como o excesso ou a negligência são muito perigosos.

O codificador do Espiritismo, Allan Kardec, levantou essa questão quanto ao controle às próprias tendências, tornando as paixões boas ou más. “As paixões são como um cavalo que é útil quando está dominado, e que é perigoso, quando ele é que domina.” O caminho é entender os sentimentos e emoções e suas causas para aprender com essas manifestações.

Seja inteligente, ame-se saindo dos trilhos do egoísmo e do orgulho e seguindo a rota da autovalorização. Jesus é o modelo por excelência, o protótipo do super-homem que buscamos. O que Ele fez ao ser injuriado?

 

REFERÊNCIAS

FRANCO, Divaldo Pereira. Conflitos existenciais. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, 2016. Pág. 37. Cap. 03.

GANDHI, Arun. A virtude da raiva: e outras lições espirituais do meu avô Mahatma Gandhi. Trad. Débora Chaves. Rio de Janeiro: Sextante, 2018.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Salvador Gentile. 171. ed. São Paulo: Ide, 2008. P. 282. Q. 908.