Foto: Reprodução
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A Universidade Federal do Piauí está investindo em pesquisas para avaliar o potencial de geração de hidrocarbonetos (principal composto do petróleo), a partir de rochas sedimentares da Bacia do Parnaíba.

Além de estudar a síntese de biomarcadores, para comprovação de novas estruturas que auxiliam na caracterização das amostras. Os estudos são produzidos de forma integrada com o Centro de Pesquisa da Petrobras (CENPES) e com o Grupo de Geoquímica da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

O coordenador do Laboratório de Geoquímica Orgânica (Lago), professor Sidney Lima, conta que já trabalha com amostras de óleos de bacias sedimentares brasileiras há algum tempo e desde 2005, quando finalizou a etapa de monitoramento, iniciou com as atividades do grupo de pesquisa com rochas sedimentares da Bacia do Parnaíba.

Apenas em 2010, houve a criação de um projeto de infraestrutura junto à Rede de Geoquímica da Petrobras com um investimento de R$ 3,2 milhões. “Nosso objetivo principal é avaliar o potencial dessas rochas.

Eu tenho trabalhado com óleos de diferentes bacias, inclusive o meu doutorado foi com a Bacia de Campus, com amostras de mais dois mil metros de profundidade. Agora, nós trouxemos a experiência para trabalhar com rochas sedimentares”, explica Sidney Lima.

A pesquisa encontra-se avançada, foram realizadas as coletas das rochas sedimentares da Bacia do Parnaíba em um trabalho recente com geólogos da Universidade Federal de Pelotas, do Rio Grade do Sul, e com pesquisadores da Universidade Federal do Pará. Nesse momento, estão sendo realizadas as análises das rochas para avaliar o seu potencial.

“Nós analisamos em termos de fósseis químicos que são moléculas que nos dão informações sobre biodegradação do óleo, grau de maturação, se há um potencial econômico.

Assim podemos saber se a partir do fracionamento dessa matéria orgânica mais pesada pode gerar hidrocarbonetos mais leves, como petróleo, gasolina, diesel”, revela o coordenador.

O projeto está trabalhando com três formações da Bacia do Parnaíba: Tianguá, Pimenteiras e Codó, onde já existem trabalhos de exploração com gases.

O estudo apontou também que essas rochas pertencentes a Era Paleozoica e possuem um grande potencial para a extração de gás. Após feita a análise de todo o material coletado, o Lago deve se reunir com a Petrobras para saber discutir os avanços da pesquisa e resultados.

De acordo com a análise da rocha será possível identificar a presença de petróleo na Bacia do Parnaíba. O conhecido óleo negro de alto valor econômico é formado há milhões de anos, através de deposições de sedimentos, ou seja, resto de seres vivos que são armazenados em rochas reservatórias.

Com o tempo esses sedimentos são sobrepostos, e em uma combinação de pressão e temperatura, são transformados em uma complexa cadeia de hidrocarbonetos, composto do petróleo.

O laboratório também é utilizado em outras pesquisas

Outras pesquisas desenvolvidas pelo LAGO são feitas a partir de extratos de plantas medicinais e óleos essenciais. Um dos estudos mais avançados é o da planta “Canelinha”, onde foi conseguido isolar um composto químico tóxico, o estragol.

Recentemente, os pesquisadores conseguiram complexá-lo utilizando açúcares, diminuindo a sua toxidade e aumentando o potencial do composto.

O estragol é um antioxidante, fungicida e bactericida, além de servir no tratamento da Leishmaniose, uma doença contagiosa causada por parasitas.

Uma parceria está sendo firmada com pesquisadores de farmácia para dar uma funcionalidade na área de medicamentos.

Além disso, os óleos essenciais ricos em antioxidantes devem ser utilizados na indústria como produtores de bloqueadores solares, cosméticos, com coordenação da professora Graça Citó.

Laboratório é o único do Nordeste

O Laboratório de Geoquímica (Lago) é o único laboratório no Nordeste que trabalha com biomarcadores, foi construído para atender a demanda de geoquímica orgânica.

O Lago possui quatro laboratórios sendo utilizados para análises, geoquímica orgânica e outro de síntese e produtos naturais.

Os investimentos com as máquinas custaram mais de R$ 2 milhões e são consideradas as mais modernas em termos de análises de material.

Poderão ser até usadas nas análises forenses da polícia, dessa maneira a resolução de crimes através de provas científicas poderão ser realizadas, é o que afirma o professor Sidney.

Há também um projeto para a ampliação do laboratório como também aumentar o efetivo de profissionais que compõem todos os projetos existentes, além de mais bolsas para incentivar a pesquisa. Atualmente são cerca de 15 profissionais, entre mestrandos, doutorandos, técnicos e pesquisadores.

Além das pesquisas, o laboratório está servindo para a capacitação de acadêmica de alunos e professores. “Do grupo já saíram quatro dissertações de mestrado e, atualmente, um egresso está fazendo doutorado na UNICAMP”, informa o coordenador.

Fonte: Meio Norte