O brasileiro desconhece a hepatite C e tem uma percepção errada sobre a doença, segundo revela pesquisa divulgada nesta terça-feira durante o Congresso Brasileiro de Hepatologia, em Salvador. De acordo com os dados, levantados pelo Instituto Datafolha, 51% dos brasileiros não sabem dizer espontaneamente o que é hepatite C. O estudo mostra ainda que 86% dos entrevistados concordam que a maioria das pessoas desconhece a doença e seus efeitos.
Apesar de 62% dos entrevistados acreditarem que a hepatite C é uma doença altamente contagiosa, 84% deles disseram nunca terem feito um teste para detecção da hepatite. “O teste deveria ser solicitado por qualquer médico, mas não é o que acontece”, diz Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, segundo ele, 85% dos municípios não têm centro de referência para o tratamento de hepatites virais e falta informação correta sobre a doença.
O sintoma mais citado, segundo a pesquisa, é a cor amarelada da pele e dos olhos (19%). Paraná explica que essa é uma visão equivocada das pessoas, já que nem sempre esse sintoma aparece em pacientes com hepatite C. Do total, 21% das pessoas associam a relação sexual como uma das principais formas de contágio da doença – outros fatores como transfusão de sangue, uso de seringa não descartável e instrumento de tatuagem ou piercing não esterelizado são mais importantes.
Em geral, a hepatite C não se manifesta de forma grave e a pessoa infectada não apresenta sintomas durante muitos anos. Sabe-se que é uma doença que evolui de forma lenta: em média, leva-se 20 anos para o aparecimento das consequências e a progressão é pior em pessoas obesas e dependentes de álcool. Cerca de 20% dos pacientes podem desenvolver cirrose e câncer de fígado. “É uma doença silenciosa que demora décadas para ser diagnosticada”, diz Paraná. “Não devemos procurar por sintomas, a prevenção tem que ser feita a partir de rastreamento”.
Grupos de risco de hepatite C
Saiba quem deve fazer o teste para detectar a doença:
1. • Quem recebeu transplante de órgãos ou tecidos, além de doadores de esperma, óvulos ou medula óssea
2. • Pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1994
3. • Doentes renais em hemodiálise
4. • Pessoas que usam ou usaram drogas injetáveis ou cocaína inalada
5. • Quem utilizou medicamentos intravenosos nas décadas de 1970 e 1980
6. • Portadores do vírus HIV
7. • Filhos de mães contaminadas com hepatite C
8. • Pessoas que tenham feito tatuagens ou piercings em locais não seguros
Fonte: Sociedade Brasileira de Hepatologia