PRECONCEITO RAIZ

 

Vitor de Athayde Couto

CADIÚNICO

No fatídico dia 8 de janeiro de 2023, metade dos “patriotas” estavam inscritos no CAD único e recebiam o “Auxílio Brasil”. CAD único é como se chama o “Cadastro Único para Programas Sociais”, criado para atender milhões de brasileiros muito pobres, com renda mensal de até meio salário mínimo.

Agora, eles estão no CAD ado. Até o momento já foram excluídos 1,5 milhão de “patriotas” cadastrados irregularmente. A triagem continua (leia aqui).

FALSO PRECONCEITO

Tatuagens são procedimentos de risco como qualquer procedimento médico. A diferença é que quase nunca são feitas em locais apropriados, com recursos preventivos necessários, nem são acompanhadas por um profissional médico. No Paraná, Estado brasileiro considerado “desenvolvido”, acaba de morrer mais um viciado em tatuagens, logo após manifestar alergia a um determinado “produto”. Ele fazia sua enésima tatuagem, sem conta (leia aqui).

Muitos brasileiros morrem “de um tudo”, sem ter diagnósticos precisos. Entre eles, quantos estariam se deixando tatuar, na hora da morte, a exemplo do paranaense? Infelizmente, sem diagnósticos minimamente controlados e registrados, não haverá essa resposta tão cedo no Brasil. E vai permanecer assim por muito tempo, enquanto o grande público teimar em confundir, com preconceito, as restrições e advertências vindas da ciência.

PRECONCEITO RAIZ

Outro Estado brasileiro que a grande mídia considera “desenvolvido” é o Rio Grande do Sul. São inquestionáveis as suas belezas e recursos naturais, bem como a diversidade da sua população – diversidade que fortalece a riquíssima cultura gauchesca. Mas, curiosamente, muitos gaúchos abandonam toda essa riqueza paisagística e cultural e vão desmatar os biomas de outros Estados brasileiros, a serviço das multinacionais que comandam um modelo agrícola produtivista global – o chamado “agronegócio” de alto impacto ambiental.

Curiosamente, também, o tal “desenvolvimento” parece estar conduzindo algumas firmas locais pela contramão da História. Como a verdade está no vinho, acabaram de descobrir uma prática de trabalho compulsório, no velho modelo conhecido como “barracão”, ou seja, trabalho análogo ao escravo (leia aqui). Por enquanto, só nas vinícolas. Mas, infelizmente, essa intolerância a-histórica também vem sendo encontrada em outros sistemas de produção nos diferentes Estados brasileiros.

A propósito, e, ainda não satisfeito, um vereador de Caxias do Sul vomitou racismo, xenofobia e outras patologias do pensamento perverso. Tenho certeza de que esse delinquente não representa os gaúchos que conheço.

In vino veritas, in aqua sanitas: a verdade está no vinho, a saúde está na água.

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