Contração do nível de atividade foi registrada em janeiro deste ano. PIB teve ‘encolhimento’ 3,8% em 2015 – maior queda em 25 anos.
O nível de atividade da economia brasileira iniciou o ano de 2016 da mesma forma como encerrou o ano passado, com retração, segundo indicam números divulgados nesta segunda-feira (14) pelo Banco Central.
O chamado Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br – um indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – teve contração de 0,61% em janeiro, na comparação com o mês anterior, após ajuste sazonal (uma espécie de “compensação” para poder comparar períodos diferentes).
De acordo com dados da autoridade monetária, esta foi a maior contração mensal desde agosto do ano passado (-0,92%). Janeiro também foi o décimo primeiro mês seguido de contração na prévia do PIB. O último mês em que o indicador registrou aumento foi em fevereiro de 2015 – com uma alta de 0,47% sobre o mês anterior.
A economia brasileira atualmente passa por um período de recessão, que acontece em um ambiente de alta da inflação, das taxas de juros, do desemprego e também da inadimplência.
Além disso, o governo segue enfrentando dificuldades para promover o ajuste das contas públicas (que estão há dois anos no vermelho) e o ambiente político continua conturbado, o que gera expectativas ruins para as votações das medidas de ajuste.
Números prévios da economia em janeiro já não tinham mostrado resultado muito bom. Apesar de a produção industrial ter subido 0,4% contra dezembro do ano passado, as vendas do comércio caíram 1,5% – a queda mais intensa, para o período, desde 2005. Já a receita de serviços também recuou em janeiro.
Comparação com janeiro de 2015
De acordo com o Banco Central, a “prévia” do PIB registrou no primeiro mês deste ano, na comparação com janeiro de 2015, um tombo maior ainda: de 4,05%. Neste caso, a comparação foi feita sem ajuste sazonal – pois considera períodos iguais.
E, no acumulado em 12 meses até janeiro, ainda de acordo com informações do Banco Central, o indicador registrou contração de 4,44% (após ajuste sazonal).
Resultados e expectativas para a economia
No ano passado, os números oficiais do do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram uma retração do PIB de 3,8% – a maior queda em 25 anos.
O mercado financeiro acredita que o PIB terá novamente forte retração neste ano. A expectativa dos analistas dos bancos, colhida pelo Banco Central na semana passada em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras, é de uma contração de cerca de 3,5% em 2015.
Se a previsão de um novo “encolhimento” se confirmar em 2016, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948.
Resultados do IBC-Br x PIB
Embora o cálculo seja um pouco diferente, o IBC-Br foi criado para tentar ser um “antecedente” do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.
Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE.
Em 2014, o BC estimava uma retração de 0,15% no PIB, mas os dados oficiais mostraram uma alta de 0,1% no ano retrasado. Em 2015, o IBC-Br teve retração de 4,08%, mas o PIB recuou 3,8%.
O Banco Central já informou anteriormente que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas “um indicador útil” para o BC e para o setor privado.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Atualmente, os juros básicos estão em 14,25% ao ano, o maior nível em nove anos.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
Para 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
Neste ano, o mercado financeiro acredita que a inflação oficial ficará novamente acima do teto de 6,5% do sistema de metas. Em 2015, somou 10,67%, a maior em 13 anos, e estourou a meta de inflação. Para os analistas dos bancos, a inflação somará 7,61% em 2016.
O Banco Central tem dito que trabalha para trazer a inflação para dentro da banda do sistema de metas em 2016 e próxima do objetivo central, de 4,5%, em 2017.
Fonte: G1