Informação foi divulgada nesta quinta-feira pelo Banco Central. Em doze meses até agosto, indicador registrou contração de 5,6%.
O nível de atividade da economia brasileira não só continuou no terreno negativo, registrando retração em agosto deste ano, como também intensificou o ritmo de queda, de acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira (20) pelo Banco Central.
O chamado Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br – um indicador criado para tentar antecipar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) – teve queda de 0,91% em agosto, na comparação com julho. O resultado foi calculado após ajuste sazonal (uma espécie de “compensação” para poder comparar períodos diferentes).
De acordo com os números do BC, a retração da “prévia” do PIB, em agosto deste ano, foi a maior em 15 meses, ou seja, desde maio de 2015 – quando o indicador teve contração de 1,02%, segundo números revisados. Neste ano, o nível de atividade registrou queda em quase todos os meses, com exceção de abril (+0,18%) e junho (+0,27%).
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia. Em 2015, de acordo com o IBGE, o PIB recuou 3,8%. Para 2016, a estimativa de analistas dos bancos é de um recuo de 3,19%. No segundo trimestre desde ano, o PIB teve um “encolhimento” de 0,6%.
A economia brasileira atualmente passa por um período de forte recessão. A contração acontece em um ambiente de alta da inflação, das taxas de juros, do desemprego (que superou a marca de 11%) e também da inadimplência.
A equipe econômica tem avaliado que a economia voltará a se recuperar nos últimos meses deste ano. A expectativa do governo é de que, em 2017, o PIB tenha uma alta de 1,6%.
Comparação com agosto de 2015
Quando comparado com o resultado do IBC-Br contra o mesmo mês do ano passado, a “prévia” do PIB registrou uma retração de 2,72% em agosto de 2016. Neste caso, a comparação foi feita sem ajuste sazonal – pois considera períodos iguais. Com ajuste sazonal, a queda, nesta comparação, foi de 4,43%.
Os números do Banco Central mostram que, nos oito primeiros meses deste ano, o indicador sem ajuste sazonal (pois considera períodos iguais de tempo) mostrou contração de 4,98% na atividade (com ajuste, a retração é de 5,42%).
Já no acumulado dos 12 meses até agosto, o indicador registrou contração de 5,60% (após ajuste sazonal). Sem ajuste sazonal, o tombo do PIB, em 12 meses, foi de 5,48%.
IBC-Br x PIB
Embora o cálculo seja um pouco diferente, o IBC-Br foi criado para tentar ser um “antecedente” do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos.
Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE. O Banco Central já informou anteriormente que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas “um indicador útil” para o BC e para o setor privado.
Recentemente, o BC atualizou a metodologia de cálculo, incorporando novos indicadores, com destaque para a utilização da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) em substituição à Pesquisa Mensal de Emprego (PME), além de outras mudanças.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Após a primeira queda em quatro anos, os juros básicos estão em 14% ao ano.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa ajustar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
Para 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida neste ano.
Em 2017, a meta central também é de 4,5%. Porém, o teto é menor: de 6%.
Neste ano, o mercado financeiro acredita que a inflação oficial ficará novamente acima do teto de 6,5% do sistema de metas. Para os analistas dos bancos, a inflação somará 7,01% em 2016. Em 2015, somou 10,67%, a maior em 13 anos, e estourou a meta.
O Banco Central tem dito que trabalha para trazer a inflação para dentro da banda do sistema de metas em 2016 e para o objetivo central, de 4,5%, em 2017.
Fonte: G1