57e0dce896_mediaO sinal vermelho foi acionado no momento em que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem encontrado nas estradas do Piauí caminhoneiros dependentes e apreendido, em larga escala, anfetaminas, crack e cocaína. Por causa do aumento do tráfico de drogas nas estradas no Piauí, os Governos do Estado e Federal começaram a discutir o problema e planejado ações para reprimir tráfico que tem relação direta com mortes e acidentes.

Jornal Meio Norte – A Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem apreendido muita anfetamina nas rodovias federais do Piauí?

Almir Bílio – A anfetamina é o arrebite. Você ouviu falar em caminhoneiro arrebitado, que fica sem dormir por quatro dias? O arrebite é o nome popular, que é dado para essa anfetamina, remédio utilizado para não dormir. Eles usam essa droga, é um remédio, na verdade, tem uma substância, femproporex (Perphoxene, que é uma droga estimulante das classes químicas feniletilamina e a anfetamina, que foi desenvolvida na década de 1960). Essa substância femproporex tem como efeito tirar o sono da pessoa, é estimulante e os caminhoneiros, sabendo disso, utilizam o medicamento para se manterem acordados, dirigindo por mais tempo que a lei permite e o organismo permite.

JMN – Onde os caminhoneiros compram essa droga?

AB – Compram, de forma clandestina, em pontos usados para o tráfico da droga. Essa substância é vendida nas farmácias, mas é vendida como medicamento de uso controlado, não pode ser usada de forma aleatória por pessoas que não estão autorizadas pelo Ministério da Saúde. A anfetamina é vendida como comprimido, normalmente seu nome de fantasia é Nobese e tem outras variação de anfetamina. É um grupo de medicamentos que tem como substância ativa um estimulante e o mais recorrente é o femproporex. Esse estimulante provoca nos indivíduos que o consome a ausência do sono por um período maior do que o normal e eles utilizam esse medicamento de forma ilegal e clandestina para se manterem acordados. Daí que se chama arrebite. As consequências dessa droga a longo prazo são de riscos altíssimos para a saúde e também ricos altíssimos para a segurança nas estradas. Quando passa o efeito desse medicamento, a pessoa tem um sono profundo de forma imediata, o que leva o caminhoneiro a entrar na pista contrária causando acidentes de consequências desastrosas. Por conta dessa proibição, até porque atinge o estado físico e motor de quem consome a droga, é uma substância ilegal, que não pode ser utilizada.

JMN – Qual o total de anfetamina apreendido no Piauí?

AB – Muitas, desde o início deste ano até agora. São números altíssimos.

JMN – As apreensões de anfetamina têm sido feitas em quais municípios?

AB – Em Floriano, agora foram apreendidas anfetaminas em São João da Fronteira.

JMN – Quem são os traficantes?

AB – É nisso que a Polícia Rodoviária tem trabalhado, a inteligência tem buscado essas informações e no futuro vamos tentar identificar essas pessoas e levar para a Justiça.

JMN – As anfetaminas têm vindo de fora ou têm origem no Piauí?

AB – Isso está disseminado no Brasil todo, distribuída de forma fragmentada o que dificulta muito o trabalho da polícia. Temos focado o trabalho no caminhoneiro porque consome essa substância e também comete crime e está sujeito a responder criminalmente.

JMN – Nas estradas federais do Piauí também tem crack, principalmente na região de Cocal de Telha, no norte do Piauí?

AB – Ainda tem esse complicador, temos encontrado motoristas com crack e cocaína. O motorista começa a usar anfetamina e não tem mais o mesmo efeito e começa a associar a anfetamina com outras drogas, cocaína ou crack. Não já temos feito flagrantes nesse sentido no Piauí. Isso acendeu a luz vermelha, foi um alerta para a polícia aprimorar suas ações de combate.

JMN – Onde estão ocorrendo mais casos de consumo de crack, cocaína e anfetamina pelos motoristas no Piauí?

AB – Em todo o Estado, sobretudo na BR-316, na BR-330 e na BR-343.

JMN – Existe um foco de tráfico de crack para caminhoneiros em Cocal de Telha, onde já ocorreram apreensões de crack com motoristas?

AB – Eu não gostaria de entrar nesse campo porque pode ter algum problema se a gente revelar.

JMN – O que pode ser feito, de forma mais sistemática, de combate ao tráfico das drogas nas rodovias federais do Piauí?

AB – Pode ser feito, e está sendo feito, que é a ampliação da ação de fiscalização direcionando as abordagens para alguns veículos, além de motoristas de cargas e passageiros, que são os motoristas profissionais que mais fazem o uso dessas drogas, com base nessa distribuição, nós vamos fazer o levantamento dos pontos de venda, vamos fazer o combate junto a quem comete esse crime de comercialização ilegal de medicamentos.

JMN – Muitos motoristas reclamam porque têm de dirigir e ainda se preocupar com os outros motoristas que ultrapassam pistas e fazem zigue-zague.

AB – Os motoristas que fazem o uso de drogas têm alteração no comportamento motor, não têm o mesmo tempo de reação das pessoas que estão com condições físicas adequadas, sobrecarregam o sistema neurológico do motorista, fazendo com que ele não tenha condições de dirigir se não tivesse feito o consumo de drogas.

JMN – Em relação ao roubo de carros nas rodovias federais, como está a situação?

AB – O resultado do trabalho que temos executado tem sido satisfatório e a presença policial nesses pontos onde ela não estava no dia a dia tem resultado. Os problemas ocorrem mais onde a Polícia Rodoviária não está presente e vamos preencher essas lacunas enviando policiais onde o crime tem sido registrado de maneira mais recorrente.

JMN – Onde tem sido mais recorrente o roubo de cargas no Piauí?

AB – Sobretudo onde a Polícia Rodoviária Federal não tem presença. São trechos de rodovias federais onde não se dispõe de fiscalização permanente, principalmente no Sul do Estado. Em São Raimundo Nonato, Corrente, Bom Jesus. Toda a região Sul do Piauí tem sido um bolsão de repositório de veículos roubados. Esses carros estão vindo de outros pontos do país. São veículos que estão sendo furtados em outros pontos do país e dentro do próprio Nordeste e levados para essas regiões, onde a fiscalização é deficitária. Eles fazem um trabalho de fraude veicular, fazem uma documentação fraudulenta para a clonagem desses veículos.

Fonte: Meio Norte