O artista plástico Francisco Galeno faleceu ontem (02/06), em Parnaíba (PI) na Rua Conde D’eu, Bairro Mendonça Clarck. A causa da morte ainda não foi divulgada. Galeno construiu uma trajetória marcante em Brasília e alcançou reconhecimento internacional por sua obra.

Nascido em 1957, em Parnaíba, no seio de uma família de artesãos, o pai fabricava canoas e o avô, vaqueiro, produzia selas e arreios de couro, Galeno viveu por muitos anos em Brazlândia (DF).

Sua arte dialoga com o construtivismo brasileiro, em sintonia com nomes como Alfredo Volpi e Rubem Valentim. Ele também foi responsável pela confecção do tradicional Prêmio Saruê, criado em 1996, que reconhece o momento, profissional ou obra de maior destaque do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.

A obra de Galeno absorveu a sensibilidade cromática de Athos Bulcão, o construtivismo de Volpi, a simbologia de Rubem Valentim e a rusticidade artesanal de Mestre Quincas. Misturou essas referências às lembranças da infância no Delta do Parnaíba, e, ao final, tudo isso se transformou em Galeno.

Ele pintou monumentos com lagartixas e barracos com traços de monumentos. Deixou sua marca em Brasília com painéis para a Igrejinha da 308 Sul, dedicados a Nossa Senhora, que transformam o espaço em uma verdadeira festa no céu.

Galeno também criou um painel para o Salão Nobre do Palácio do Planalto, a convite do arquiteto Rogério Carvalho, responsável pelo projeto da nova obra da Igrejinha, substituindo o painel original de Volpi. Rogério consultou Galeno sobre a possibilidade de doar a obra ao Palácio, e o artista aceitou de imediato, sentindo honra, alegria e prazer ao oferecer o painel “Quatro Estações”.

Filho de uma linhagem de artesãos e rendeiras, Galeno descobriu também raízes na literatura. Ao ler sobre genealogias, soube que o primeiro Galeno de sua linhagem foi o poeta Juvenal Galeno, admirado por Patativa do Assaré, que sempre desejou conhecê-lo.

Seu pai participou da construção de vários prédios da Esplanada dos Ministérios, como operário candango. Galeno, por sua vez, deixou sua contribuição artística no interior do Palácio do Planalto. Seu desejo era que, ao partir, a obra permanecesse como um legado para os pais, os filhos, os brasilienses, e para todos os brasileiros.

Após os procedimentos legais no IML, o corpo do Artista será trasladado para Brasília, por seus familiares,para a realização do velório e sepultamento.