Recordar é Preciso V – Tributo a um guerreiro
Por Vicente de Paula Araújo Silva – “Potência”
Hoje, 31 de Agosto de 2013 ainda estamos entre os viventes que participaram da queima dos tapumes da Praça da Graça em 1979. Mas, é importante lembrar que a parte operacional daquela ação popular, após Criado o Clima pelo Jornal Inovação, foi comandada por José Alberto Barros, então Presidente da ACEP. E lá se vão 34 anos daquele momento que vale apena recordar, através de texto editado e reeditado em todos os dias 31 de agosto que se passaram.
Estávamos no ano de 1978, quando Parnaíba, tinha sido instituída como sede do 3º Pólo Turístico, mas, não tinha autonomia para fornecimento de gasolina aos domingos. A Praça da Graça, até aquele ano, tinha uma arquitetura paisagística que encantava aos visitantes e orgulhava a gente parnaibana. Numa atitude bem intencionada, mas precipitada face a indisponibilização financeira, o gestor municipal na época, iniciou os trabalhos e não conseguiu dar continuidade aos mesmos, criando então, um clima de revolta na cidade. Foi quando, na noite de 31 de agosto de 1979, em conseqüência da campanha deflagrada pelo jornal INOVAÇÃO, em favor da reconstrução da praça, aconteceram os fatos que constam no artigo abaixo, publicado em setembro, na 22ª edição do pasquim citado.
DA SÉRIE: MISSIVOS PARA SIMPLÍCIO DIAS
DA PRAÇA À GASOLINA OU A INOPERÂNCIA DOS NOSSOS POLÍTICOS AQUI E EM BRASÍLIA
Caro Fidalgo,
Aqui na Parnaíba, o que se fala no momento, é a respeito dos acontecimentos que embalaram e envolveram a queda da paliçada existente ali onde existiram a Lagoa da Onça e a Praça da Graça de saudosas lembranças.
Embora fosse notória a revolta do povão em se ver privado do seu orgulho ao dizer com tanta convicção, que aquela praça era uma das mais lindas do norte e nordeste brasileiro, nunca se esperava que os fatos daquela noite chegassem a acontecer, como alardeava o “Zé Povo” nos instantes de explosão da revolta pela mutilação de que foi vítima o local. Foi mítica a maneira como aconteceu. Mas, como se sabe que a juventude é vibrante, e, tendo sido ela quem encabeçou o gesto, justifica-se plenamente o modo rebelde que caracterizou a realização daquela ação popular.
Particularmente, fico com Nélson Rodrigues, quando ele diz – “O óbvio, até mesmo o ululante, sempre acontece”. E, isso, nada mais que isso, ficou ratificado naquela noite de 31 de agosto, quando os estudantes com toda raça juvenil, queimaram os tapumes da pseuda obra de reforma da Praça da Graça, fato que certamente, figurará nos anais de nossa história, como reedição de outras datas magníficas, em que estiveram no auge os valores e as glórias do povo parnaibano.
Aliás, Simplição, desculpe a expressão! A queda daqueles tapumes que escondiam a mentira da grande verdade, veio em boa hora tirar do sufoco a que estavam submetidos perante a opinião pública os nossos representantes políticos aqui e em Brasília, pelas suas inoperâncias nos momentos exigíveis em prol das causas que eles de fato e de direito deveriam defender.
Esse é o caso da omissão da Parnaíba – sede do 3o Pólo Turístico Nacional – na listagem inicial das cidades turísticas granjeadas com o fornecimento de gasolina aos domingos, quando se sabe que até Sobral (CE), onde não existe um turismo incrementado, foi inserida graças à atuação oportuna dos seus líderes políticos.
O interessante de tudo é que essa gente tenta ludibriar a boa vontade dos conterrâneos, dizendo-se atenta aos problemas e anseios do pessoal cá da terrinha. Mas, não tem nada não. O exemplo da queima dos tapumes da Praça da Graça, está aí dando mostra de que, hoje, o povo parnaibano, é consciente e seguro de suas pretensões, sabendo distinguir as tongas e milongas das manobras demagógicas daqueles que tentam iludi-lo.
E assim, gente boa, vou ficando nestas próximas linhas, te dizendo que estamos em plena semana da pátria, na qual o povão panaibano, participa orgulhosamente, tranqüilo e de peito lavado, ciente de que está cumprindo com o seu dever de cidadão brasileiro.
Cordialmente,
De Paula