Religiões: NOTAS DE LEITURA 3

Vitor de Athayde Couto

No seu esforço para verificar a hipótese de agregação – a agregação era prática recorrente no antigo império romano politeísta – Ifé reconhece a trajetória do mito de Nossa Senhora, conforme lhe fora contada repetidas vezes por Vó Alika, desde a sua infância.

Leituras de registros históricos mais antigos conduzem ao Crescente Fértil (atual Iraque), onde Ifé descobre Ishtar, mais tarde citada na mitologia anglo-saxônica como Star (Estrela). Ishtar renasce da espuma do mar Egeu, com um nome parecido (Astartè). No livro Salambô (Flaubert), Tanit é a Lua que protege Cartago. Afrodite, Vênus ou Vésper, Estrela Dalva, Estrela da Manhã ou Lúcifer, além de outras denominações que representam beleza, fertilidade e o mito da Compadecida (Suassuna).

Começa a chover forte. Ao som da chuva, Ifé interrompe a sua leitura, pressente uma revelação divina e exclama em voz alta:

– Aparecida é a Oxum brasileira! Salubà, Vó Alika! Salubà, Vó Nanã Burukè!

A imagem da Senhora de Aparecida, empretecida pelo tempo, também nasceu das águas como Vênus e Oxum. No sincretismo, Ifé se fez neta de Nanã, filha de Oxum, e também de Nossa Senhora, por adoção. Menina pobre, foi bolsista no Colégio Salesiano, onde aprendeu a súplica de São Francisco de Sales, que revelou a Onipotência da Santíssima Virgem Maria.

Nas notas de leitura, Ifé transcreveu este trecho da súplica salesiana, adaptada para o sujeito feminino:

“Lembrai-vos, Dulcíssima Virgem, de que vós sois minha Mãe, e eu sou vossa filha; vós sois Poderosíssima, e eu sou muito fraca. Não me digais, Graciosa Virgem, que vós não podeis, pois vosso Amado Filho vos deu a Onipotência.”

Ifé conclui as notas com esta observação:

“Onipotência mariana que redime e liberta.”

(CONTINUA)

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