Uma mudança de última hora deixou para as vésperas da eleição municipal o julgamento do ex-ministro da Casa Civil (Foto: divulgação)

Uma mudança de última hora deixou para as vésperas da eleição municipal o julgamento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu pelo Supremo Tribunal Federal. Acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha, Dirceu é o elo entre o esquema do mensalão e o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, atendeu a uma sugestão dos colegas de STF e vai deixar para a próxima semana o voto sobre os réus acusados de corrupção ativa – ou seja, os suspeitos de serem responsáveis pela compra de votos no Congresso. Fazem parte desse rol Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente do partido José Genoino, além do ex-ministro Anderson Adauto, do empresário Marcos Valério e de seus sócios e funcionários na agência SMPB.

Com isso, Barbosa vai concluir hoje a leitura do voto sobre os réus que respondem por corrupção passiva. Depois, o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo, vai ler seu voto. Por fim, os demais integrantes do Supremo decidem se os réus são culpados ou inocentes.

“Combinei com o eminente revisor de deixarmos para um segundo momento o crime de corrupção ativa. Então, vamos tratar nesses dias todos os demais crimes com exceção da corrupção ativa que, provavelmente, tratarei na próxima semana”, explicou Barbosa durante a sessão.

O mais provável é que o relator comece a julgar os acusados de corrupção ativa na quinta-feira da próxima semana.

O primeiro turno das eleições está marcado para o dia 7. A proximidade da data do julgamento de Dirceu com as eleições servirá de munição a adversários dos candidatos petistas. E pode influenciar a participação de Lula, principal fiador do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, na reta final de campanha. O ex-ministro tem sido alvo das propagandas eleitorais do tucano José Serra, que citou o mensalão e réus como Dirceu e Delúbio nas peças.

Cronograma. A previsão inicial era de que o julgamento de Dirceu terminasse na próxima semana. O relator julgaria, de uma só vez, os réus acusados de vender seus votos no Congresso e aqueles que são apontados como os corruptores.

De acordo com o Ministério Público Federal, Dirceu era o chefe do núcleo político do esquema. Ele é acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa. Em sua sustentação oral, Gurgel disse que, como líder do grupo, Dirceu exerceu papel fundamental para o sucesso da empreitada. “Sem risco de cometer a mais mínima injustiça, José Dirceu foi a principal figura de tudo o que foi apurado. Foi o mentor da ação do grupo, o seu grande protagonista”, disse o procurador.

O ex-ministro nega que tenha sido o “mentor” do esquema. Sua defesa alega que Dirceu não participava das decisões do PT quando ocupava a Casa Civil.

Fonte: Estadão