SUBMARINO AMARELO

 

Vitor de Athayde Couto

 

Peidar alto numa reunião pode custar bons empregos e até cargos importantes. Pensando nisso, muitos executivos de grandes empresas e autoridades têm-se dedicado a malhar no fart free department, aquele setor da academia que pode ser traduzido como livre-se do peido. A rigor, é só uma modalidade de exercício pélvico, com acompanhamento sistemático de um farting personal trainer, com pós-graduação no exterior e participação em eventos científicos internacionais.

Parece bobagem? Antes fosse, se o mundo não estivesse sob ameaça de um definitivo megapeido nuclear – a mãe dos peidos.

Em mais uma briga no parquinho, o presidente americano e o vice da Rússia xingavam as respectivas mamães. Nada de mais, coisa de criança, e era domingo. Mas quando o russo pisou no cuspe, o caldo engrossou. Afinal, não se deve pisar na mãe de ninguém. Donald mandou dois submarinos nucleares para o mar Báltico, pertinho da Rússia. Na sala dos adultos, Putin sorri em silêncio, satisfeito com o desempenho do seu vice no parquinho. Ele sabe que não se deslocam submarinos nucleares assim, só porque o Donald quer. Sabe também que o principal cuidado, quando se trata de submarinos nucleares, é guardar segredo da sua localização. Putin sorri novamente. Seu vice sabe distrair meninos brigões no parquinho e nas redes sociais. Enquanto isso, seus oficiais construíram um mapa com a localização secreta e a movimentação dos submarinos nucleares ocidentais. Coisa de tecnologia de ponta que apavora a OTAN e os ingleses, particularmente.

Naquela mesma semana, no parque aquático, a marinha britânica confundiu uns barulhos com drones submersíveis russos não tripulados. Eles acharam que os russos pretendiam rastrear a localização de submarinos nucleares do Reino Unido. Segundo o jornal The Sun, “houve preocupação porque um dos submarinos não tripulados teria deixado cair um dispositivo de escuta no leito marinho, entre a ilha de Raasay e Applecross, no noroeste da Escócia”.

No início, os analistas confundiram os barulhos com sons artificiais que nunca haviam sido captados no polígono em seus 55 anos de história. Os marinheiros britânicos temiam que os equipamentos de pesquisa de águas profundas da Rússia estivessem tentando registrar as assinaturas acústicas dos submarinos, o que facilitaria o seu rastreamento. Os submarinos britânicos amarelaram, mas acabaram descobrindo que os barulhos eram apenas peidos de baleias.

Parece bobagem? Antes fosse, mas vivemos num mundo em que militares e políticos não sabem a diferença entre um peido de baleia e um submarino nuclear equipado com bombas atômicas. Enquanto isso, é melhor abraçar e beijar os entes queridos porque o mundo acabou (ouça aqui).

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