BOSTAC, BOSTEC, BOSTIC…

 

Vitor de Athayde Couto

Juro que o título “Bostac, Bostec, Bostic” já estava definido bem antes de um leitor postar esta mensagem a que tive acesso:

“Galera foi iludida pela tabata e agora pela tebet, vamos ver se na tibit eles aprendem”.

Como qualquer semelhança é apenas mera semelhança, juro também que não esperava rir tanto em meio à novela eleitoral da vez, que parece não ter fim. Quando a gente pensa que já viu o último capítulo da série, surge logo o primeiro de uma nova temporada.

Enquanto isso, lá na Eurásia, o General Inverno rides again. Com Gengis Khan ele aprendeu que na guerra o mais importante é devastar e não deixar pedra sobre pedra. Depois dos mongóis foi a vez dos poloneses e lituanos botarem bonecos de neve. A brincadeira durou pouco tempo, até os cavalos se atolarem na lama invernal. De vitória em vitória o General Inverno nunca descansa. Lutou contra o Inverno Vulcânico. Lutou contra o Eclipse. Lutou até contra “A Peste”, que ressurgiu mais tarde sob o comando dos pestinhas Napoleão e Hitler. Com todas as vitórias e a experiência adquirida, a vida do General Inverno ficou bem mais fácil agora: basta fechar a torneira do gás e esperar o frio ocidental.

Como sempre, quem se lasca são os europeus, conforme consta na crônica “Os vencedores da guerra”, que escrevi em fevereiro, na mesma semana da invasão da Ucrânia pelos russos (leia aqui).

A indústria de armas agradece. Quanto aos demais setores da economia ocidental, inclusive americana, os efeitos das sanções econômicas conduzidas pela OTAN, a mando do governo dos EUA, soam como tiro saído pela culatra.

Eis que o Bostic entra em cena. Primeiro Fed boy, em Atlanta (assim são chamados os presidentes regionais do Banco Central americano), Raphael Bostic é o primeiro CEO negro do FED, devidamente branqueado em Harvard, noblesse oblige. Mas, ao tomar posse, suas declarações deixaram bem claro o desespero de praticamente todos os fed boys diante dos efeitos colaterais das sanções econômicas contra a Rússia. Para os próximos meses, não se espera nada menos do que a continuação da política de elevação de juros – para desgosto de quem gostaria de investir na produção que gera empregos. Melhor dar um tempo e especular… Será?

É que o tão esperado discurso do titular Jerome Powell, no simpósio anual de Jackson Hole, só fez derrubar os principais índices das bolsas mundo afora, inclusive o Ibovespa, para desgosto dos faria limers.

Não se pode mais nem especular em paz, né?

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Ouça o texto com a narração do próprio autor: