Quanto custa manter um preso numa penitenciária no Piauí? E um estudante universitário? A situação é pior do que se imagina, pois, o gasto com um presidiário duplica em relação a um estudante. O gasto com um aluno matriculado na Universidade Federal do Piauí- UFPI é de aproximadamente R$11mil por ano, já um preso mantido em regime carcerário custa pelo menos R$21 mil por cada preso anualmente.


A desvalorização dos profissionais que atuam nas áreas da educação e da segurança pública no estado, se ver claramente diante destes dados, segundo o sociólogo José da Cruz Bispo, professor e diretor do Centro de Ciências da Educação e Arte da UESPI (Universidade Estadual do Piauí). Um comparativo entre o salário pago a um delegado e um professor doutor que exercem suas atividades em âmbito federal demonstra a diferença no tratamento entre eles. Um delegado em início de carreira tem vencimento de R$7 mil por mês. Este salário é pago para um professor doutor com dedicação exclusiva já na sua fase final de carreira. "Quer dizer, por mais que os trabalhadores da segurança tenham seus descontentamentos, as queixas dos professores são bem maiores", descreve.


O investimento na educação e no regime penitenciário inclui, além dos salários dos profissionais que atuam numa dessas áreas, os equipamentos físicos e tecnológicos usados em cada uma das atividades e os valores de manutenção do aluno ou do preso como na alimentação e na estrutura física do local que cada um deles freqüenta. Para manter um preso existe uma logística que envolve desde o policiamento de rua, o sistema judiciário e penitenciário. O somatório de toda esta cadeia, segundo a avaliação do professor Bispo, eleva, e muito, os gastos para se manter um detento numa penitenciária quando se compara com os recursos destinados à educação superior.

Apenas 3% da população brasileira na faixa etária de 18 a 24 anos estão dentro das universidades. O governo federal emprega de 3% a 7% do PIB (Produto Interno Público) para educação. A porcentagem envolve a educação básica e a superior. "Algo irrisório principalmente quando se trata de educação e da demanda que o país tem hoje. O ideal seria de no mínimo 10% a porcentagem destinada para educação", observa o professor Bispo.

O professor José Arimatéia Dantas, pró-reitor de planejamento (PROPLAN) da UFPI diz que atualmente um estudante custa para a instituição R$ 11.252 anuais – os quais são investidos em ações voltadas para a assistência estudantil. Ele explica que o dinheiro chega ao estudante em forma de benefícios como os RU’s [Restaurantes Universitários], através das residências universitárias, as bolsas-permanência, além da ampliação da infraestrutura da instituição, aumentando os custos de manutenção por parte da universidade.

Fonte: Diário do Povo