Zé Elias ficou preso por 30 dias por não pagar pensão de R$ 25 mil à ex-esposa, com quem teve dois filhos. Libertado no dia 19 de agosto, o ex-jogador afirma não conseguir pegar no sono. A rotina na cela, a distância dos filhos e da atual esposa e o sofrimento de outros presos ficam martelando na cabeça. Ele sugere a reformulação do sistema aplicado pela Justiça para casos de pensão alimentícia, transformando em pena alternativa dependendo da ocasião.

“Até hoje não durmo. Vejo a janela na minha casa e acho que tem polícia. É difícil para um pai poder se recuperar. Acho que a forma de cobrança deveria ser mudada. Nossos magistrados poderiam transformar essa cobrança de forma mais humana”, declarou Zé Elias.

O ex-atleta do Corinthians alerta os jogadores que se casam ainda jovens, pois entende que o ambiente do futebol favorece o surgimento de aproveitadores, sejam homens ou mulheres.

“Às vezes você não consegue discernir se ela está por interesse ou não. Sentimento é uma coisa meio complicada. Mas tantos homens quanto mulheres se aproveitam disso. É histórico”.

A pouca instrução e o deslumbramento os tornam mais vulneráveis a marias-chuteira, relação que, dependendo do caso, pode prejudicar o jogador dentro e fora de campo. Zé Elias se casou aos 19 anos.

“Até então você não ganhava dinheiro, mal tinha condição de pegar ônibus. De uma hora para outra, a mulher da capa que você via na Playboy te liga para sair. Nas ruas todos passam a te conhecer. No restaurante você não precisa pagar mais. Se você não tiver estrutura pode acabar te prejudicando”.

Sobre a ex-esposa Silvia Regina Corrêa de Castro, Zé Elias evita comentários, destacando apenas que trabalhará para pagar a dívida de R$ 1 milhão conforme determinou a Justiça.

Zé Elias lamenta não poder ficar perto dos dois filhos frutos da relação com a ex-esposa e avalia que não tinha como arcar com pensão de R$ 25 mil. O ex-jogador deu uma mansão localizada em Barueri à ex-esposa. A dívida atual com sua ex-mulher é de R$ 1 milhão.

Durante o tempo em que esteve preso, a advogada de Zé Elias conseguiu reduzir a pensão para um salário mínimo para cada filho (são dois).

“Justo acho que não é [pensão de R$ 25 mil]. Quais são as crianças que vivem com isso hoje? E quem é que ganha isso? A não ser tirando 3 ou 4 jogadores que ganham esse valor. Mas pretendo trabalhar, arcar com meus compromissos trabalhando bastante”, declarou Zé, que estuda convites para voltar a ser comentarista esportivo.

Dentro da prisão houve distribuição de funções. Zé Elias revezava na limpeza das áreas internas e externas da cela, cuidando também da cozinha do 33º DP de Pirituba. Essas ocupações serviam também para quebrar a monotonia dentro do recinto, esquecendo momentaneamente as tensões.

Os casos mais agudos foram quando um preso cego entrou em colapso de madrugada e quando outro homem entrou em transe ao ouvir que seria libertado.

“A prisão de um pai apenas piora a situação de todos envolvidos. Seria melhor botar o pai para trabalhar na escola, pintar o muro que está pichado, varrer e limpar a cidade, mas não o impossibilite de ver o filho. Se deixar o pai preso, acaba com a vida dele, que tem várias pessoas dependentes dele”.

Fonte: uol.com.br