Após ser ouvido durante 11 horas, Lucas Rosseti, de 21 anos, apontado pela Polícia Civil como o principal e único suspeito de matar o analista de sistemas Eugênio Bozola, de 52 anos, e o modelo Murilo Rezende, de 21, na semana passada em um apartamento na Rua Oscar Freire, nos Jardins, em São Paulo, deu um depoimento que não convenceu a investigação do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

O delegado Mauricio Guimarães Soares, divisionário do DHPP, classificou como ‘fantasiosa’ a versão apresentada por Rosseti de que ele só esfaqueou e matou o analista para se defender e que foi Bozola quem matou o modelo a facadas. “É uma versão fantasiosa, mas é um direito constitucional dele dizer o que ele bem entende”, afirmou o delegado Soares, na madrugada desta quarta-feira (31), na capital paulista. Segundo o policial, o jovem não informou em sua tese qual teria sido o motivo que levou o analista a querer matar ele e Rezende.

Rosseti chegou ao DHPP durante a tarde de terça-feira (30). Ele entrou algemado e acompanhado de seus advogados. Após o depoimento, o suspeito foi levado para a carceragem do 77º Distrito Policial, em Santa Cecília, na região central, onde ficará em cumprimento a decretação da sua prisão temporária de 30 dias determinada pela Justiça.

Legítima defesa

Peritos da Polícia Técnico-Científica realizam exames para saber se elas foram dopadas. O resultado dos testes ainda não é conhecido. A perícia trabalha com a hipótese de Rosseti ter dado remédio para Bozola e Rezende dormirem.

Mas ao ser interrogado pelo DHPP, Rosseti também afirmou ter sido dopado. E reforçou que quem o fez dormir foi o analista. “Ele [Rosseti] disse que tomou um suco, esse suco estaria com um remédio, enfim, ‘boa noite cinderela’, né? Como ele tomou pouco suco ele acordou antes da hora e viu o modelo sendo esfaqueado já com o saco plástico na cabeça. E aí o dono do apartamento se voltou contra ele, né? Já que pela tese dele ele seria a segunda vítima. E ele conseguiu não ser agredido e, muito pelo contrário, tomar a faca dele e reverter a agressão”, contou o delegado Soares.

“Os ferimentos que ele tem nas mãos e no braço são ferimentos típicos de quem se defendeu de um ataque de faca. Então a perícia é que vai demonstrar”, justificou o advogado César Augusto Moreira.

Investigação

O DHPP, no entanto, não acreditou na tese sustentada pelo suspeito e defendida por seus advogados. Segundo a investigação, Rossetti deixou Igarapava, no interior do estado, onde morava, para ficar uma semana como hóspede de Bozola em São Paulo. De acordo com a polícia, as vítimas e o assassino tinham ido a uma pizzaria e a uma boate gay no fim de semana antes do crime. Câmeras de segurança gravaram os três, que estavam acompanhados de outras pessoas.

Como o jovem queria permanecer mais tempo, teria discutido com o analista e decidiu matá-lo entre os dias 21 e 22. Para não ser impedido, também resolveu matar o modelo. Após o crime, Rosseti fugiu do prédio com o carro de Bozola. O veículo foi encontrado no último domingo (28) em Sertãozinho. O jovem foi detido no dia seguinte na mesma cidade.

A investigação policial deve concluir que Rosseti vai responder pelo duplo homicídio e por roubo. Além do veículo da vítima, outros objetos foram encontrados com o suspeito. "No local onde ele estava escondido, no interior, encontramos roupas e tênis de marca que ele pegou no apartamento. Também apreendemos o computador que ele subtraiu do apartamento. A princípio, o indiciamento será por latrocínio", disse Soares.

Segundo o delegado, o jovem pode ser indiciado por latrocínio (roubo seguido de morte). A prisão preventiva dele deverá ser pedida apenas com a conclusão do inquérito. O suspeito não tinha antecedentes criminais.

Fonte: g1.com