COCO BEACH

 

Vitor de Athayde Couto

PRYSCYLLA

– Mãe, vou dormir na casa da Pâmella.

– Tá bom, Pryscilla. Mas se comporte!

Alguns fins de semana depois:

– Mãe, estou grávida.

– Tá bom, Priscylla. Mas… O QUÊÊÊ?!!! – e não desmaiou, como faziam as mães de antigamente, no tempo em que não existiam políticas sociais. Só os meus sais.

MÁICON

De tanto ouvir falar que vive no mundo da Lua, Máicon assumiu e se danou a escrever poemas noturnos.

ENZO

Enzo cresceu e ganhou uma bicicleta maior (bike, em parnasianês). A mãe, orgulhosa, admirava as habilidades do filhotim (teen, em parnasianês):

– Olha, mãe! Sem as mãos!

– Bravo, filhão! – disse a mãe orgulhosa.

Enzo desce a ladeira a toda velocidade. A mãe ouve um barulho e um minuto depois percebe o filho voltando ensanguentado em sua direção, gritando orgulhoso:

– Olha, mãe! Sem os dentes!

COCO BEACH

Depois de visitar Miami, seu Al Bou Qerq, empresário-novo-rico de ascendência magrebina, decidiu dar nome chique, em inglês, à praia em frente à sua casa de praia, na famosa Rota das Infecções. Mandou colocar uma placa onde se lê: “Coco Beach” – que os turistas estrangeiros traduzem como praia do cocô e logo se afastam. É que o empresário esqueceu o nut. Foi “pesquisar” no gúgli e encontrou a foto de uma praia em Miami com este nome: “Coconut Beach” ou Praia do Coco, a fruta. E ainda jura que é a favor das reformas, inclusive aquela que retira os direitos sociais das palavras aos acentos ortográficos.

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Ouça o texto narrado pelo próprio autor: