CRÍTICA CONSTRUTIVA

 

Vitor de Athayde Couto

– A crítica construtiva interrompe a evolução.

– Quem disse isso?

– Eu. Sou eu que estou dizendo.

– Pois então te explica.

– Seguinte. Cada vez que tu fizeres uma crítica, dita construtiva, com a melhor intenção de tornar menos pior alguma coisa muito ruim, estarás apenas contribuindo para atrasar o processo evolutivo. Uma crítica construtiva é apenas mais do mesmo.

– De onde tiraste isso?

– Da História.

– Da história? Que história é essa?

– Calma, eu explico. Vou dar dois exemplos. O primeiro refere-se a dois grandes autores da ciência: “seu” José e “seu” Tomaz.

– Haha, como tu és engraçado.

– Tu achas? Tou falando sério: “seu” José é mais conhecido como Schumpeter. Ele criou o conceito de inovação há mais de um século. Hoje, todo mundo fala em inovação, mas esquece que é preciso destruir o conhecimento anterior se quiser inovar. Ele chamou esse processo de “destruição criadora”. Já o “seu” Tomás, por sua vez, é mais conhecido por Kuhn. Ele ensinou que uma inovação pra valer implica mudança de paradigma. Assim, o conhecimento não será mais o mesmo, e estará apoiado em novas bases.

– Então, a crítica construtiva não consegue fazer essa ruptura?

– Não, não consegue. Ela é apenas mais do mesmo. A crítica construtiva não passa de um puxadinho do velho conhecimento, apoiada nas velhas bases.

– E o segundo exemplo?

– O segundo exemplo refere-se ao “seu” Antônio.

– Antônio? Que Antônio?

– Conhecido como Lavoisier, “seu” Antônio criticou radicalmente a teoria do flogisto do “seu” Jorge Ernesto, também conhecido como Stahl. Se ele tivesse feito apenas uma crítica construtiva, até hoje seríamos alquimistas. A sua crítica radical “oxigenou” (sem trocadilho) a base do conhecimento que deu origem à Química, que, mais tarde, foi consolidada pelo “seu” Luis.

– Que Luis?

– O Pasteur, tu conheces?

– Seria aquele da pasteurização?

– Isso mesmo, parabéns! Mas a lista não para por aí. Tem também o cientista italiano, fundador da Biofísica, o “seu” Mario…

– Mario? Que Mario?

– Aquele que… bem, é melhor deixar pra lá.

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