DE AGNÓSTICO
Vitor de Athayde Couto
O PACIENTE VI-TÓRIO E O DOUTOR ADJU-TÓRIO
O paciente, paciente, pergunta:
– Iaí, doutor, qual é o resultado dos exames?
O doutor, impaciente, com a sala de espera lotada, vai direto ao ponto:
– O senhor tem um câncer.
– Mas, doutor, isso não é possível, eu só uso sal rosa do Himalaia! Assisti na internet que o sal rosa do Himalaia é muito saudável e evita todas as doenças, doutor! O senhor não sabia disso?
O doutor, ainda mais impaciente, apenas murmura:
– Hummm…
Impaciente, o paciente deixa o consultório, resmungando, dizendo que nunca mais vai entrar em consul-tório, labora-tório, refei-tório, hospital e o escambáu!
Peremp-tório e com muita sede, convencido de que o doutor só queria o seu dinheiro, entra na igreja da primeira esquina. Vai até o balcão, compra um “copo com água”, sem antes perguntar o preço. Depois de beber, desembolsa todo o seu dinheiro e paga, em espécie, uma espécie de dízimo-hidratação. Para usar o mic-tório, manda pix. Lava as mãos no lava-tório e dirige-se ao audi-tório, onde uma multidão ora diante de uma goiabeira no jarro. Durante horas, ouve um extenso ora-tório radioativo até desmaiar na cadeira, onde morre, de agnóstico que era, com câncer no pulmão. De repente, uma luz emana do ventre da goiabeira, que acaba de ganhar um novo e bendito fruto. Definitivamente, o Brasil não é para principiantes. Como se diz por aí, o Brasil precisa ser estudado.
POR FALAR EM ROSA DO HIMALAIA
A natureza nos enche de flores. Além das flores do jardim, temos a flor d’água, a flor da pele, a flor da hemorróida, a flor do Lácio, e as flores do mal, como a rosa de Hiroshima. Esta noite um anjo anunciou, com muita alegria, que os líderes das grandes potências nucleares são apenas loucos mansos, como Matilde, a vendedora de flor-da-noite, no Pelourinho da Bahia.
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De Agnóstico - Por Vitor de Athayde Couto